Incêndio atinge engenho produtor de cachaça em Areia
Um incêndio de grandes proporções atingiu o Engenho Triunfo, na cidade de Areia, na manhã deste domingo (10). O estabelecimento, localizado no Brejo da Paraíba, produz cachaça e combustível.
Segundo o Corpo de Bombeiros, militares estão no local desde o início das chamas, que começaram pela manhã, e mais equipes estão sendo encaminhadas para a região.
Por enquanto, essas foram as informações que foram repassadas pelos bombeiros, que ainda trabalham no combate ao fogo.
Pouco antes do começo das chamas, vídeos com vários visitantes (que costumam ir ao espaço diariamente) foram publicados no perfil oficial do engenho no Instagram.
Em nota, o Engenho Trinfo disse que um dos depósitos de cachaça foi atingido pelo incêndio, mas que o fogo foi controlado. O comunicado também garante que não houve feridos e que o fogo não atingiu a área de visitação. Por enquanto, o espaço permanece fechado.
Uma equipe da Polícia Civil informou que também vai ao local para fazer perícia. O procedimento deve identificar se o incêndio foi criminoso ou não.
História do Engenho Trinfo, que foi atingido por incêndio
O Engenho Triunfo foi fundado no ano de 1994 e é responsável pela fabricação da cachaça que tem o mesmo nome. O estabelecimento pertence ao casal Júlia Baracho e Antônio Augusto.
Antônio comprou a primeira moenda e o primeiro alambique com uma quantia que recebeu de herança. Depois, montou, com a mulher, o que se tornou um dos principais produtores de cachaça da Paraíba.
De acordo com Júlia, eles aprimoraram a produção somente no final da década de 90, quando o professor Fernando Valadares Novaes, pesquisador especialista na produção da bebida, ministrou um curso no Bregareia, festival de cachaça e rapadura que acontece na cidade de Areia.
“Daí em diante ele passou a fazer uma boa cachaça. Só que tivemos muitos gargalos, porque a nossa primeira cachaça foi engarrafada em garrafa PET e acabamos criando um grande estoque porque não conseguimos vender”, relatou.
Júlia Baracho passou então a trabalhar como Analista Eleitoral, o que proporcionou uma renda suficiente para que comprasse uma casa, no primeiro ano, e logo depois investisse na produção da cachaça. Foi a partir daí que mudou-se a embalagem e o rótulo da bebida, que faz referência a cidade onde é produzida. Em 2006, Júlia apostou na cachaça e abandonou o emprego para sair vendendo a Triunfo de bar em bar e a bebida ganhou o seu espaço a partir do trabalho e da história do casal.
Hoje, o Engenho Triunfo tem a Paraíba como principal mercado, mas também abrange os mercados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, além de alguns estados do Sudeste. Produz mais de 500 mil litros por safra e possui diversos produtos.
O processo de produção no engenho segue os passos tradicionais da fabricação da cachaça. A cana é cortada crua, em seguida passa por duas moendas para extrair o máximo do caldo, que é filtrado, decantado e levado para a sala de fermentação. Entre 20h e 24h depois, diz-se que foi produzido o vinho da cana-de-açúcar, que não é consumido porque é laxativo. O produto é levado para destilar no alambique e a partir daí virar a cachaça.