Claro que Tom Jobim era melhor do que Paul McCartney
Quinta-feira, 25 de janeiro de 2024. Se estivesse vivo, Antônio Carlos Jobim estaria completando 97 anos. Quando morreu em Nova York, no dia oito de dezembro de 1994, estava a menos de dois meses de fazer 68 anos.
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Antônio Carlos Jobim. Tom Jobim. Tom. Jobim. Maestro Soberano. O cara foi o maior compositor popular do Brasil. Você pode ter outras predileções, mas, acredite, nesse negócio de fazer canção popular, entre nós, ninguém foi tão craque quanto ele.
“Um cracaço!”, me disse o maestro Severino Araújo depois de botar a sua lendária orquestra, a Tabajara, para gravar um disco só com músicas de Tom. Aliás, Severino e Tom, de caminhos tão distintos, foram alunos do mesmo professor, o alemão Hans-Joachim Koellreutter.
George Gershwin, Cole Porter, Irving Berlin. Na primeira metade do século XX, eles foram, a partir dos Estados Unidos, os maiores autores de canções do planeta. Na segunda metade do século XX, é muito improvável que alguém tenha superado Tom Jobim.
“Nem {Henry} Mancini nem {Michel} Legrand. Tonzinho é o maior”. Quem disse foi Vinícius de Moraes num tempo em que havia também Burt Bacharach, competentíssimo autor de canções. Bacharach, tão injustamente criticado por ter sido pop demais.
E há outra turma, claro. Outro time. De outra linhagem. John Lennon e Paul McCartney, Bob Dylan, Stevie Wonder, Paul Simon, Carole King. Sim! Carole King! Talentosíssima hitmaker subestimada por ter optado por um negócio que os homens pensam que é só deles.
Leonard Bernstein disse que John Lennon e Paul McCartney foram os maiores depois de Gershwin. Há algum exagero, mas também alguma verdade na afirmação do maestro. E ela é importante porque põe por terra muitos dos argumentos dos que eternamente querem cortar o barato da música popular.
É, no entanto, complicado pensar na dupla Lennon e McCartney como melhores ou maiores do que isso ou aquilo. Complicado porque, a rigor, eles não eram exatamente uma dupla de compositores. Não eram parceiros o tempo todo. Cada um estava na sua, cada um fazia as suas canções.
Então, pensando assim, é necessário reconhecer que, musicalmente, McCartney é mais talentoso do que Lennon. McCartney, musicalmente, era o mais talentoso dos quatro Beatles. O maestro George Martin tantas vezes admitiu isso sem grandes dificuldades.
Pois bem. Paul McCartney é o máximo. Um mestre da canção popular em escala planetária. Um gigante. Mas não resta dúvida: Tom Jobim era melhor, tinha um domínio muito mais completo do ato de compor canções. Infelizmente, havia contra ele o fato de ter nascido num país periférico que não fala inglês.
Amo incondicionalmente os Beatles, Paul McCartney é extraordinário, mas, atualizando a frase de Vinícius, ela ficaria assim: “Nem Mancini nem Legrand nem McCartney. Tonzinho é o maior”.