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Um dos gigantes da música popular brasileira morreu num domingo de carnaval há 60 anos

Nove de fevereiro de 1964. Um domingo de carnaval. Era noite, no Rio de Janeiro, e as escolas de samba estavam desfilando na Avenida Presidente Vargas quando chegou a notícia: morreu Ary Barroso. O compositor não resistiu à cirrose hepática provocada pelo alcoolismo.

Naquele carnaval, a Império Serrano desfilou com uma homenagem a Ary Barroso. Composto por Silas de Oliveira, o samba-enredo se chamava Aquarela Brasileira. A notícia da morte tirou o brilho da escola, que era a favorita, e a Império Serrano ficou em quarto lugar.

Mineiro de Ubá, nascido em novembro de 1903, Ary Evangelista Barroso acabara de completar 60 anos. Era um gigante da música popular brasileira e, mesmo que seis décadas já tenham se passado, assim permanece. Nesta sexta-feira, nove de fevereiro de 2024, faz 60 anos da morte do autor de Aquarela do Brasil.

Aquarela do Brasil é a mais importante e também a mais popular entre todas as músicas que Ary Barroso compôs. Tem inúmeras versões dentro e fora do Brasil. Lá fora é conhecida como Brazil.

A gravação original de Aquarela do Brasil é de 1939. Quem canta é Francisco Alves, ou Chico Alves, o Rei da Voz. O arranjo extraordinário desse samba-exaltação em seu registro inicial é de autoria de Radamés Gnatalli. A execução é de músicos arregimentados por Gnatalli.

No rádio, Ary Barroso comandou um célebre programa de calouros. Era torcedor do Flamengo e compôs mais de 250 músicas. Quando Aquarela do Brasil foi lançada e se transformou num grande sucesso, No Tabuleiro da Baiana e Na Baixa do Sapateiro – outros clássicos do seu cancioneiro – já existiam.

Ary Barroso tocava piano – e não violão – e era ao piano que compunha. Cantou muito a Bahia, sua gente, seus cenários, o que levou muita gente a acreditar que ele era baiano, jamais mineiro.

Na era do LP, dividiu um álbum muito interessante com o baiano Dorival Caymmi. Nesse disco, virou Ary Caymmi e tocou músicas de Dorival ao piano. Enquanto Caymmi virou Dorival Barroso e cantou músicas de Barroso acompanhando-se ao violão.

Ary Barroso teve em Carmen Miranda uma grande intérprete. Foi ela que projetou o compositor nos Estados Unidos. No começo dos anos 1940, época da política de boa vizinhança, ele trabalhou com Walt Disney na trilha do longa-metragem Você Já Foi à Bahia?.

Carmen Miranda gravou 30 músicas de Ary Barroso. Francisco Alves gravou 31. Sílvio Caldas, mais 31. São números incríveis. Algumas das vozes mais marcantes da época debruçadas sobre o repertório autoral desse fabuloso compositor.

Camisa Amarela, de 1939, é um dos sambas mais belos entre todos os que já foram compostos. É irretocável na voz de Aracy de Almeida, a maior intérprete de Noel Rosa. É mais uma música sobre o carnaval do que uma música de carnaval. Fala da submissão da mulher ao marido folião que só volta para casa quando a folia termina.

Folha Morta, Pra Machucar Meu Coração, É Luxo Só, Risque, Maria, Na Batucada da Vida, Isto Aqui o Que É?, Rio de Janeiro, Boneca de Piche, Os Quindins de Iaiá, Tu, Inquietação, Morena Boca de Ouro, No Rancho Fundo – tudo isso e muito, muito mais, é Ary Barroso.

Lançada há 10 anos, uma caixa com 20 CDs – e um livro – reúne os registros originais de todas as músicas que Ary Barroso compôs. Brasil Brasileiro é um documento raro e precioso que confirma a excepcional dimensão desse compositor. Basta dizer que Tom Jobim era seu fã. E não por acaso.

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