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Paraibano alvo de tentativa de golpe do falso número faz golpista revelar técnica em mensagens

Imagine acordar com uma mensagem no principal aplicativo de interação entre as pessoas hoje em dia, com alguém se passando por você, dizendo que trocou de número e pedindo para realizar uma transferência bancária. Foi o que aconteceu com o advogado Dannyel Delgado, de 33 anos, natural de João Pessoa, na Paraíba, que viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (23), ao publicar imagens das mensagens trocadas com o golpista.

O Jornal da Paraíba entrou em contato com o advogado, que explicou como aconteceu a tentativa de golpe, as brincadeiras que fez com o suspeito e a conversa pelo WhatsApp em que o próprio golpista explicou como consegue “clonar” os números para confundir as pessoas e aplicar o golpe.

“Ele entrou em contato e aí eu vi que era um número estranho com a minha foto pedindo pra conversar comigo. Na verdade, dizendo que tinha mudado de número. O golpe padrão, o modus operandi padrão desse tipo de golpe. E aí a minha primeira reação foi achar graça, De todos os contatos que ele poderia ter, ele veio falar juntamente comigo”, disse.

Nas imagens divulgadas por Dannyel, o advogado brinca com o suspeito, após receber as mensagens, revelando para o golpista que ele estava tentando se passar pela pessoa que ele estava falando diretamente. O advogado disse que já havia avisado a todas as pessoas próximas e que o golpista não iria conseguir tirar dinheiro de ninguém.

Advogado brincou e conseguiu informações sobre o golpe

Depois da brincadeira, no entanto, Dannyel tomou as rédeas da conversa com o golpista e perguntou, por curiosidade, como ele conseguia achar os dados para se passar por outras pessoas.

Nos prints, é possível notar que o suspeito envia uma foto de visualização única de uma plataforma, na qual ele denomina de “Painel”, que ele “pode achar qualquer pessoa, por nome completo, CEP, telefone, WhatsApp ou qualquer coisa que seja ligada ao CPF”. Com bom humor, o advogado conseguiu extrair do golpista o “modus operandi” do golpe.

“Eu perguntei ‘como é que tu consegue os contatos do WhatsApp?’ Na minha cabeça ele tinha os contatos do WhatsApp e eu não tinha logado em nenhum canto estranho, não tinha outra forma dele conseguir. Perguntei, assim, de uma forma simpática e aí ele respondeu dizendo que era uma interface chamada ‘painel’ e que nesta interface você conseguiria ter todos os contatos relativos às pessoas. No print explica bem direitinho dizendo que você consegue pai, mãe, contatos relacionados a interface ele entrega tudo”, relatou.

Mensagens mostram como advogado conseguiu tirar do golpista a forma que o criminoso aplicava os golpes – Foto: Redes Sociais

A vítima na tentativa de golpe explicou que acha que pelo fato da titularidade da linha telefônica ser do próprio pai e não dele, tenha feito com que a situação inusitada ocorresse. “Talvez porque a minha linha não é da minha titularidade, a titularidade do meu pai e aí ele pode ter achado lá no sistema dele que é meu pai”.

Em outro momento das conversas, o golpista explica que o serviço de acesso aos dados das pessoas é pago e que, mensalmente, desembolsa cerca de R$ 30. Além disso, o suspeito explicou também que o golpe só funciona com pessoas desconhecidas e não pode ser utilizado com ninguém famoso. Ele deu como exemplo Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Nunca deu ruim, só se você roubar alguém muito importante, igual Alexandre de Moraes, aí os caras vem na sede. Prenderam um camarada, um não, uns três, levaram lá pra MG (Minas Gerais), porque era povo importante, da política, estão presos até hoje”, explicou o golpista.

Com brincadeiras, advogado conseguiu tirar de golpista a forma como o suspeito pratica golpes em vítimas pelo WhatsApp – Foto: Redes Sociais

A sutileza do golpe

Sobre o golpe em si, o suspeito conta também que “não fica enchendo o saco” de vários contatos da pessoa pela qual está tentando se passar, e sim conversa apenas com uma ou duas pessoas, como forma de não chamar atenção e fazer com que as pessoas que estão conversando com ele levantem suspeitas sobre um golpe.

“Eu não fico enchendo o saco da família toda (do contato clonado), chamo um contato, dois no máximo, ‘peidou’ eu já troco de foto. Tô indo para outra, em outro DDD”, disse o criminoso.
Para encerrar a conversa entre ambos, o golpista ainda disse que “não era nada pessoal” em relação a Dannyel e que o sistema que ele usa é “bem aleatório mesmo”.

O advogado disse que com a postagem das conversas no X, ele encontrou diversos outros relatos de pessoas que se portaram iguais a ele e que conseguiram saber dessa plataforma que revela dados pessoais.

“Eu percebi essa interface e colocando no X percebi que existem várias interfaces dessas, onde o cara compra seus dados e de pessoas relacionadas, onde você mora, e não tem defesa. A defesa que eu tive foi divulgar e ver se dá em alguma coisa”, disse.

Sobre a divulgação das imagens, o advogado contou que inicialmente ficou receoso sobre se deveria fazer isso ou não, com medo da exposição. Mas, ele pensou que como o golpista já tinha os dados completos dele, não havia mais nada a perder.

“Ainda fiquei com receio de expor, de colocar em rede social, mas o cara tem todos os meus dados, então o que a gente pode fazer é pelo menos alertar as pessoas. A gente está à mercê de cadastros assim, como eles conseguem esse tipo de acesso. Não aparenta ser uma coisa complexa. Infelizmente é questão de você ter acesso a pessoa que vende o acesso, e é isso, pode ser qualquer pessoa com acesso à internet capaz de fazer esse tipo de golpe”, opinou.

Dannyel conta também que após ser vítima da tentativa de golpe tentou fazer um boletim de ocorrência junto à Polícia Federal, que segundo ele, é quem tem competência para investigar o caso. No entanto, por dificuldades técnicas, não conseguiu realizar o procedimento.

O advogado realizou o B.O. junto a Polícia Civil, na delegacia responsável por crimes cibernéticos, além de ter enviado uma denúncia para o Ministério Público da Paraíba (MPPB).

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