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Pesquisa da UFPB alerta que 12% do Conde pode afundar no futuro

Uma pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) alerta para a possibilidade de que 12% do território total do município do Conde, que fica localizado no litoral sul da Paraíba, pode ser encoberto por água devido ao aumento do nível do mar nos próximos anos e a intensificação da erosão na zona costeira da cidade. Praias como Tambaba e Coqueirinho, que ficam na cidade, poderiam ser os locais mais afetados pelo problema.

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O Jornal da Paraíba entrou em contato com o professor Celso Santos, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (Deca), da UFPB, e um dos autores do estudo. Ele disse que a previsão de perda de 12% no território do Conde é baseada em projeções para o futuro, com base em dados coletados sobre os últimos 37 anos e que leva em consideração cenários em que o mar suba entre 1, 2, 5 e 10 metros até 2042.

Imagens de satélite coletadas pela pesquisa mostraram neste recorte de tempo que a Praia do Amor, Jacumã, Carapibus, mais ao norte, e Coqueirinho, Arapuca e Tambaba, mais ao sul, todas no Conde, perderam cerca de 27 cm de território ao ano desde 1985, quando foi o primeiro ano da pesquisa. Isso é equivalente a cerca de 9 metros de território perdido desde então.

Nas imagens abaixo, é possível ver zonas em que esse processo é mais acentuado. As áreas em vermelho são as mais afetadas.

Áreas em vermelho são as mais afetadas do Conde por elevação do nível do mar – Foto: divulgação

Com esses dados do passado, foi possível fazer projeções concretas para o futuro do litoral do Conde. Segundo o professor, essas mesmas praias mantêm tendências de forte erosão devido ao aumento do nível do mar, caso o nível do mar continue subindo.

Veja abaixo a quantidade de território que seria perdido a depender do tamanho do aumento do nível do mar.

  • 1 metro – Afetaria 0,21% da bacia de estudo, o que equivale a 0,36 km²;
  • 2 metros – Ampliaria a área submersa para 1,45 km², ou 0,84% da bacia;
  • 5 metros – Impactaria aproximadamente 3,79% da bacia, ou 6,55 km²;
  • 10 metros – 11,6% da bacia, ou 20,07 km², estariam em risco de inundação.

Celso destaca que o estudo não calcula o aumento do nível do mar nos próximos anos e, sim, os impactos que possíveis aumentos trariam para a costa paraibana.

O nosso estudo não calcula a elevação do mar, mas sim as áreas que seriam inundadas caso ocorresse uma certa elevação. Essa elevação pode acontecer devido ao derretimento das calotas polares e glaciares, além da expansão térmica dos oceanos por causa do aquecimento global. Estes fatores são amplamente impulsionados pelas emissões de gases de efeito estufa resultantes de atividades humanas”, explicou.

Em uma das imagens da pesquisa, é possível ver em áreas vermelhas e laranjas, os locais que ficariam submersos com uma elevasão de 10 metros no nível do mar nos próximos anos.

Áreas em vermelho e laranja seriam os locais inundados do Conde, caso o nível do mar suba 10 metros nos próximos anos – Foto: Divulgação

Além disso, o responsável pelo estudo disse também que essa subida do nível do mar pode ocasionar outros problemas além da perda de território. Ele elencou alguns dos problemas que podem surgir por conta disso.

“Os impactos incluem intrusões de água salgada em lençóis freáticos, impacto em ecossistemas costeiros e marinhos, aumento do risco de inundações e tempestades costeiras e deslocamento de comunidades costeiras”, disse.

Outras cidades afetadas

Castelo da Princesa, na Praia de Coqueirinho, no Conde, PB. Foto: Angélica Nunes/Jornal da Paraíba

O professor diz que o fenômeno de subida gradual do nível do mar e a perda de território na área costeira não é algo novo e que outras cidades, inclusive de outros países, sofrem com isso há algum tempo.

“Outras cidades costeiras globalmente também estão em risco devido ao aumento do nível do mar. A pesquisa não fornece uma porcentagem específica de impacto futuro para outras cidades; contudo, é amplamente reconhecido na literatura científica que as áreas costeiras em todo o mundo enfrentam desafios similares, embora a magnitude exata varia dependendo da localização geográfica e de outros fatores locais”, contou.

O estudo da UFPB foi publicado na Internacional Science of The Total Environment, revista internacional de divulgação científica.

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