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Alguém ainda encara esse filme monumental que dura 4 horas?

A morte da cantora folk Melanie Safka, na semana passada, trouxe a lembrança do festival de Woodstock e do monumental documentário sobre o evento. Em 2019, nos 50 anos do festival, tentei sem êxito reunir garotas e garotos para uma sessão do filme. Quem sabe não será possível no próximo agosto, nos 55 anos de Woodstock?

Woodstock é cinema documental de excelente qualidade. O diretor, Michael Wadleigh, não entrou para a história por construir uma filmografia exemplar, como tantos. Para sermos rigorosos, é homem de um filme só. Mas este filme se chama Woodstock, o longo (a montagem hoje disponível tem quatro horas, uma a mais do que a exibida nos cinemas, três a menos do que desejava o realizador) registro do festival de três dias realizado nos arredores de Nova York em agosto de 1969.

Para muitos, vê-lo pela primeira vez pode não passar de uma extensa maratona. Para nós, revê-lo, agora restaurado e no conforto dos nossos cinemas caseiros, permanece uma extraordinária experiência de imagem e som. E a confirmação da sua permanência.

Woodstock não tem narrador em off, como tantos documentários. Alterna falas, locuções de palco e números musicais. Pode parecer cronológico, mas não é. Em sua narrativa, entendemos que, da tarde de uma sexta-feira à manhã de uma segunda, o festival começa, acontece e termina. A despeito desta certeza, os fatos gerados pela multidão, pelos artistas e pela natureza (o temporal que se abateu sobre o evento) estão misturados. Tudo é fragmentado.

A montagem é uma aula permanente de cinema, mesmo que mais de 50 anos (o filme é de 1970) nos separem da estreia. Marco e influência no gênero, o documentário tem no uso da tela múltipla (multiple screen) um grande trunfo. É o que lhe dá ritmo como espetáculo fílmico. É também o que permite uma tradução mágica da música que o festival ofereceu aos seus espectadores e legou ao futuro.

No início dos anos 1970, apesar da falta de distanciamento, já se tinha a percepção de que o filme de Michael Wadleigh era um documento para a posteridade. Ele não se restringia à euforia que o festival gerou e às suas repercussões comerciais a partir do próprio êxito do filme e do conjunto de cinco discos lançados pela indústria fonográfica. Estava claro que havia ali, naquelas imagens captadas em 16 e ampliadas para o esplendor dos 70 milímetros, um enfoque sociológico que deveria, sim, atravessar os anos.

Com seus defeitos e suas virtudes, a geração representada pelas 500 mil pessoas que testemunharam Woodstock (o festival) tem em Woodstock (o filme) o seu melhor e mais fiel retrato. Também o que lhe é mais justo e o que mais lhe expõe. Seja no seu sonho de transformar o mundo, seja na impossibilidade de vê-lo realizado.

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PARA OUVIR E VER

10 momentos musicais de Woodstock, o filme:

Joan Baez: Swing Low, Sweet Chariot

Canned Heat: Going Up the Country

Joe Cocker: With a Little Help From My Friends

Crosby, Stills & Nash: Long Time Gone e Suite: Judy Blue Eyes

Richie Havens: Freedom (Motherless Child)

Jimi Hendrix: The Star Spangled-Banner

Santana: Soul Sacrifice

Ten Years After: I’m Going Home

The Who: We’re Not Gonna Take It

WOODSTOCK

Lançado logo depois do festival. Originalmente, um álbum-triplo em vinil. Atualmente, um CD duplo remasterizado em 2009 na comemoração dos 40 anos. As músicas não seguem a ordem do evento, nem a edição que está no documentário Woodstock. Mas o material é precioso. E, afinal, mostra como o mundo inteiro foi apresentado ao que 500 mil pessoas viram e ouviram ao vivo.

WOODSTOCK TWO

Lançado a partir do êxito comercial do álbum-triplo. Originalmente, um vinil duplo. Atualmente, um CD duplo remasterizado em 2009.  Um pouco mais da música vista e ouvida no festival. Performances não incluídas no filme.

WOODSTOCK, 40 Years on Back to Yasgur’s Farm

Lançado em 2009 nos 40 anos do festival. Box com seis CDs remasterizados e um generoso encarte cheio de fotografias. As músicas seguem a ordem do evento. Infelizmente, o Ten Years After ficou de fora com a sua arrebatadora I’m Going Home.

WOODSTOCK, o filme

Blu-ray (ou DVD) com o documentário de Michael Wadleigh. Traz o “corte” do diretor – a montagem com uma hora a mais do que a que os cinemas exibiram em 1970. Grande filme, excelente cinema documental. Um disco extra reúne material que Wadleigh não utilizou.

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