“Democracia é bem inegociável”, diz Hugo Motta em sessão pelos 40 anos da redemocratização
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a “democracia é um bem inegociável” e que seguirá usando a Constituição como uma bússola na defesa do Brasil e dos brasileiros. O discurso foi feito durante um evento em comemoração aos 40 anos de redemocratização do Brasil, no Plenário da Câmara.
Além de Motta, compareceram à cerimônia o ex-presidente José Sarney (MDB) – cuja posse em 1985 marcou o fim da ditadura militar – e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso.
“Ao celebrarmos hoje esses 40 anos, fazemos mais do que lembrar: reafirmamos que o Brasil pertence ao povo”, disse. “Que as instituições e as liberdades individuais são inegociáveis. Que a democracia é o único caminho legítimo para a grandeza desta nação. Que não aceitaremos jamais o sequestro de nossas liberdades duramente conquistadas quarenta anos atrás”, acrescentou.
Homenagem a Tancredo Neves
Hugo Motta homenageou Tancredo Neves, que foi um dos líderes da campanha Diretas Já e eleito pelo Colégio Eleitoral para assumir a presidência da República em 1985, mas morreu sem tomar posse. Também homenageou José Sarney, que era vice de Tancredo e assumiu o cargo.
Para Motta, Sarney foi “um líder que, com sabedoria e determinação inabaláveis, soube conduzir o Brasil pelo delicado caminho da transição, garantindo que a esperança de uma nação inteira não fosse apenas um sonho, mas uma realidade palpável e livre de retrocessos”.
Hugo Motta contradiz versão de bolsonaristas
Durante a sessão solene, Hugo Motta contradisse a versão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados que sustentam que são alvos de perseguição política e censura no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após a eleição e 2022.
“Não vivemos mais as mazelas do período em que o Brasil não era democrático. Não tivemos jornais censurados, nem vozes caladas à força. Não tivemos perseguições políticas, nem presos ou exilados políticos. Não tivemos crimes de opinião ou usurpação de garantias constitucionais. Não mais, nunca mais”, afirmou Motta.
A fala do presidente da Câmara se afasta da versão do ex-presidente Bolsonaro e aliados sobre as investigações dos acontecimentos após as eleições de 2022, quando apoiadores de Bolsonaro fecharam estradas e acamparam em frente aos quartéis pedindo um golpe militar para impedir a posse do presidente Lula. O movimento culminou no 8 de janeiro de 2023, com a depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Depois de ser acusado, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de liderar a tentativa de golpe, Jair Bolsonaro sustentou que o Brasil viveria um regime autoritário que fabrica “inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias”. Acusações de “crimes de opinião” contra aliados também são comuns entre partidários do PL, o partido do ex-presidente.
*com informações do g1 e Agência Brasil