Geraldo Azevedo faz 80 anos
Geraldo Azevedo nasceu no município de Petrolina no dia 11 de janeiro de 1945. Neste sábado, 11 de janeiro de 2025, o compositor pernambucano completa 80 anos.
Com pouco mais de 20 anos, na segunda metade da década de 1960, Geraldo Azevedo já estava na estrada. Em 1968, tocava com Geraldo Vandré, com quem compôs Canção da Despedida. A parceria acabou porque Vandré teve que fugir do Brasil.
Antes, ainda no Recife, Geraldo Azevedo conheceu Carlos Fernando, que viria a ser o mais importante dos seus parceiros. Os dois atuaram juntos em espetáculos de Emílio Borba Filho, o fundador do TPN, o Teatro Popular do Nordeste.
O ativismo contra a ditadura militar levou Geraldo Azevedo à prisão, no Rio de Janeiro, em 1969. O compositor foi torturado durante os 40 dias em que esteve preso.
A carreira de Geraldo Azevedo se consolidou na década de 1970. Em 1972, há o disco com Alceu Valença. E, em 1974, há a participação, atuando e cantando, no filme A Noite do Espantalho, que o compositor e cineasta Sérgio Ricardo realizou em Pernambuco.
Mas o primeiro disco solo não veio logo. Em 1977, Geraldo Azevedo já tinha 32 anos quando seu LP de estreia foi lançado pela Som Livre, a gravadora da Globo.
Ele se consolidou como integrante da geração de artistas nordestinos – pernambucanos, paraibanos, cearenses – que despontou na segunda metade da década de 1970.
Geraldo Azevedo é autor de belas melodias e também hábil violonista – marcas que já chamavam a atenção de quem ouviu na época o seu disco de estreia.
O ponto alto do álbum era um medley de três canções que depois ficou conhecido como Suíte Correnteza. Caravana, Talismã e Barcarola do São Francisco são as três músicas que formam a suíte, tão bem adornada pelo arranjo de orquestra.
Da Som Livre para a CBS. Foi onde Geraldo Azevedo gravou seu segundo disco, Bicho de Sete Cabeças, de 1979. Em dueto com Elba Ramalho, a faixa que dá título ao álbum logo se tornaria um número obrigatório nas performances ao vivo de Geraldo Azevedo.
Terceiro disco, terceira gravadora. Geraldo Azevedo lançou Inclinações Musicais pela Ariola em 1981. É lá que estão Dia Branco, Canta Coração e Moça Bonita, que há muito integram a antologia do seu cancioneiro e o set list dos seus shows.
O quarto disco, For All Para Todos, de 1982, e os concertos Cantoria, de 1984, marcam a primeira metade da década de 1980 na carreira de Geraldo Azevedo.
Cantoria botou no mesmo palco Geraldo Azevedo, Elomar, Vital Farias e Elomar. Quatro vozes, quatro violões, grande repertório – um evento antológico depois transformado em dois discos (Cantoria e Cantoria 2) lançados pelo selo Kuarup.
De certo modo, a fórmula seria repetida na segunda metade dos anos 1990 em O Grande Encontro, que juntou Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Zé Ramalho e Elba Ramalho.
O Grande Encontro foi um projeto vitorioso, mas com conflitos que transformaram o quarteto original em dois trios. Um sem Alceu Valença. O outro sem Zé Ramalho.
O melhor do cancioneiro autoral de Geraldo Azevedo – os clássicos do seu repertório – está no que ele compôs e gravou nas décadas de 1970 e 1980.
Depois disso, como é comum acontecer, veio a manutenção da carreira. Mais shows do que novos discos autorais e um diálogo sempre muito produtivo com um público fiel que o artista conquistou e que lota os lugares onde se apresenta ao vivo.
Exemplo recente é a turnê Violivoz, iniciada em 2021. Duas vozes, dois violões, duas gerações. No palco, Geraldo Azevedo e Chico César, um encontro entre ídolo e fã.
Geraldo Azevedo não precisa de banda. No palco, ele e seu violão se resolvem e arrebatam a plateia. Tem sido assim há décadas. E é assim que ele permanece na estrada, agora comemorando, com merecimento, a chegada aos 80 anos.