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luta por direitos trabalhistas, pela terra e resistência à ditadura militar

Como foi a repressão contra as ligas camponesas durante a ditadura militar?

Durante a ditadura militar, vários são os registros de perseguição, repressão, tortura e outros crimes contra os integrantes das ligas camponesas.

A partir daqui, esta reportagem traz trechos e depoimentos coletados pela Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória do Estado da Paraíba (CEVPM-PB).

Abaixo está parte das histórias de três grandes referências do movimento: João Pedro Teixeira, Elizabeth Teixeira e Assis Lemos.

João Pedro Teixeira

João Pedro Teixeira foi um dos principais líderes dos trabalhadores do setor rural e uma grande referência de luta e resistência das ligas camponesas.

Ele junto de outros representantes criaram a Liga Camponesa de Sapé, a maior e com mais representatividade na Paraíba.

Com a expansão das ligas, foi formada a Federação da Ligas Camponesas da Paraíba. O presidente dessa instituição foi o agrônomo Assis Lemos (veja a história dele mais abaixo).

“O crescimento da liderança desse camponês atiçou o ódio dos latifundiários, especialmente daqueles que compunham o chamado ‘Grupo da Várzea’, organização que promovia todo tipo de violência contra os trabalhadores rurais”, diz o relatório da comissão da verdade.

Conforme o documento, João Pedro foi assassinado durante uma emboscada quando retornava de João Pessoa a casa dele, localizada no Sítio Barra de Antas, em Sapé. Isso aconteceu mais de 50 anos atrás, no dia 2 de abril de 1962.

Outros camponeses, trabalhadores da cidade e estudantes se revoltaram com a morte de João Pedro. O sepultamento dele reuniu uma multidão e foi transformado em uma espécie de ato político contra a violência no campo.

Ainda conforme o relatório da comissão da verdade, a justiça pediu a prisão dos assassinos e mandantes do crime, mas o processo foi arquivado após o golpe militar.

João Pedro foi casado com Elizabeth Teixeira. Eles tiveram onze filhos. Após o assassinato do marido, ela assumiu a liderança da liga camponesa de Sapé.

Elizabeth Teixeira

Elizabeth Altina Teixeira, mais conhecida como Elizabeth Teixeira, relatou diversos episódios de violência no campo durante o golpe militar.

Em um dos depoimentos, a paraibana recordou o dia em que quatro famílias foram ameaçadas de expulsão de engenhos. Esses moradores foram até a casa dela pedir ajuda para evitar a possível expulsão. Ela tentou auxiliar, mas não conseguiu.

Por causa dessa intervenção, quando voltou para casa, Elizabeth encontrou dois carros da Polícia Militar com policiais que atiraram contra a residência. Depois disso, ela contou que foi levada para uma delegacia em João Pessoa.

Elizabeth passou por perdas familiares provocadas pela repressão, mas se manteve nas ligas camponesas. Por outro lado, a perseguição também continuou.

Com o golpe militar de 1964, a paraibana foi presa pelo Exército. Ela recebeu um bom tratamento enquanto esteve na prisão. Quando foi liberada, recebeu um alerta de que ela não poderia voltar para casa para que não fosse presa novamente. Por isso, relatou que fugiu da Paraíba para o Rio Grande do Norte, com apenas um dos dez filhos.

Elizabeth precisou trocar o nome para Marta Maria da Costa para não ser identificada. Ela viveu quase vinte anos assim.

Assis Lemos

O paraibano Francisco de Assis Lemos, mais conhecido como Assis Lemos, foi preso e torturado durante o regime militar.

Em um dos trechos do relatório da verdade, ele relembrou as condições de vida e trabalho dos camponeses paraibanos entre os anos de 1958 e 1964.

“Eu como agrônomo observei no campo, naquela época, a injustiça que estava acontecendo, que era o chamado cambão, que era o trabalho de graça, para o camponês morar numa fazenda. Ele tinha a obrigação de dar alguns dias de graça, de trabalho de graça na fazenda, e era chamado cambão, que na Idade Média era a corvéia”, diz o relatório.

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