Médico acusado de estupros de crianças presta depoimento no segundo dia de audiência de instrução
O segundo dia da audiência de instrução do médico Fernando Cunha Lima terminou por volta das 16h desta quarta-feira (30). Durante a sessão, foram ouvidas uma testemunha de acusação, uma filha do médico, oito testemunhas de defesa, além do próprio médico, que, segundo a defesa, participou virtualmente por razões de saúde. O pediatra é acusado de estupro de crianças dentro do seu próprio consultório, localizado em João Pessoa.
A audiência foi realizada de forma híbrida, com partes online e presenciais, na 4ª Vara Criminal do Fórum Criminal da capital. Embora ele responda judicialmente por seis casos de estupro, o processo atual envolve acusações de quatro dessas vítimas.
O médico respondeu às perguntas do juiz e da defesa, mas optou por não responder às questões levantadas pela acusação. Uma filha de Fernando Cunha Lima também participou como declarante, mas por ser próxima do réu, não foi considerada testemunha.
Também era esperado o depoimento de um assistente para comentar a perícia do caso, mas, a pedido do Ministério Público da Paraíba, o juiz indeferiu a participação devido ao número elevado de testemunhas.
Na primeira audiência, realizada na terça-feira (29), duas vítimas e sete testemunhas de acusação prestaram depoimentos. Apenas duas das quatro crianças envolvidas foram ouvidas, já que as outras ainda não possuem consciência dos fatos.
O advogado do médico, Aécio Farias, declarou à TV Cabo Branco que o pediatra nega as acusações e pretende comprovar sua inocência durante o andamento do processo.
Com a encerramento da audiência de instrução, um novo prazo será aberto na próxima segunda-feira para a realização de diligências e apresentação das discussões finais. A sentença do juiz será o próximo passo, mas não existe definido para a decisão.
Primeiro dia de audiência de instrução
Segundo a TV Cabo Branco, foram ouvidas nesta terça-feira (30) duas vítimas, sendo uma menina de 9 anos e outra de 11 anos. Em entrevista, a mãe de uma das crianças afirmou que a filha está sendo acompanhada por psicólogos e que espera que o processo seja concluído em breve.
“Ela vai ser ouvida, ela faz parte do caso e ela teve ciência do que aconteceu. Temos a esperança de que isso se encerre hoje. Ela está sendo assistida por um psicólogo desde o ocorrido. Hoje, a psicóloga dela também está aqui para tentar fazer esse acompanhamento, mesmo que não na sala, mas recebeu ela aqui. É a forma que a gente tenta amenizar essa situação, para que ela não se sinta tão acuada e para que não se torne pior do que já está sendo”, afirmou a mãe.
A sobrinha do médico, Gabriella Cunha Lima, de 42 anos, também é uma das testemunhas de acusação e conversou a equipe da TV Cabo Branco. Ela afirma que foi vítima de abuso sexual em 1991, quando tinha 9 anos de idade. Na época, não houve denúncia formal, mas ela afirma que o fato ocasionou um rompimento familiar.
“Eu espero que a justiça seja feita, eu espero que ele vá pra cadeia, que é isso que todo mundo espera. Quem é criminoso tem que estar preso”, afirmou Gabriella Cunha Lima.
A expectativa para esta quarta-feira (30) é que sejam ouvidos a última testemunha de acusação, as oito testemunhas de defesa, um assistente técnico que deve comentar a perícia do caso, e o próprio réu, Fernando Cunha Lima. O médico, segundo sua defesa, participará online devido a problemas de saúde.
Julgamento de pedido de prisão adiado
Nesta terça-feira (29) também foi adiado o julgamento de um recurso do Ministério Público da Paraíba que pede a prisão do médico Fernando Cunha Lima no Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).
Na última quarta-feira (23), o juiz José Guedes Cavalcanti Neto decidiu negar pela quinta vez a prisão de Fernando Cunha Lima. O novo pedido de prisão foi feito sob a alegação de que o médico estaria tentando intimidar vítimas, inclusive através de ligações. A Justiça, no entanto, impôs uma medida cautelar determinando que o médico não tenha nenhum tipo de contato com vítimas ou familiares.
No quarto pedido de prisão negado, o mesmo juiz considerou que a liberdade do pediatra não representa risco à ordem pública. “Nunca é demais assentar que do juiz se exige ponderação e equilíbrio, não se deixando impressionar pelos apelos populares, que julgam antecipadamente os indiciados e/ou acusados de violarem a legislação”, afirmou o magistrado na decisão.
A primeira denúncia
A primeira denúncia formal de estupro de vulnerável contra o pediatra Fernando Cunha Lima aconteceu no dia 25 de julho e foi tornada pública no dia 7 de agosto.
A mãe da criança de 9 anos, que estava no consultório, disse em depoimento que viu o momento em que ele teria tocado as partes íntimas da criança. Ela informou que na ocasião imediatamente retirou os dois filhos do local e foi prestar queixa na Delegacia de Polícia Civil.
Em uma série de depoimentos dados à Polícia Civil, outras mães narraram que os abusos aconteciam dentro do consultório, com as vítimas em cima de uma maca, quando o médico obstruía a visão delas ou fazia a ausculta do pulmão das crianças.
Fernando Paredes Cunha Lima é um pediatra famoso na capital paraibana e tinha uma clínica particular no bairro de Tambauzinho.
Com a repercussão do caso, uma sobrinha do suspeito revelou que também foi abusada quando também tinha 9 anos, na década de 90, assim como suas duas irmãs. As denúncias, assim, indicam que os crimes aconteceriam há pelo menos 33 anos, já que o relato de uma das sobrinhas fala de um estupro que teria sido cometido em 1991.