O olho mágico e os ‘malotes ao sol’ do Gaeco no caso Padre Zé
As duas primeiras fases da Operação Indignus, que apura desvios milionários no Hospital Padre Zé, renderam duas denúncias apresentadas e recebidas essa semana pela Justiça. O saldo, contudo, é provisório. O andamento das investigações sinaliza que muitas questões que ficaram nas entrelinhas do relato inicial sobre o caso ainda não foram equacionadas.
Perguntas ainda estão paradas no ar sem respostas.
A perspectiva é de que tenhamos, mais adiante, novas ações penais sendo propostas pelo Ministério Público dentro do conjunto já apurado. E, também, avanços na investigação de novos fatos – até agora não publicizados pela ‘força-tarefa’ do Gaeco e da Polícia Civil.
A leitura atenta das duas peças torna possível identificar, por exemplo, que operadores, intermediadores e outros beneficiários do suposto esquema ainda foram inseridos entre os alvos. Com um detalhe: na segunda denúncia, que trata da compra de monitores, empresários começaram a aparecer nos relatos dos investigadores.
Um deles firmou um Acordo de Não Persecução Penal com o MP, colaborando com a investigação. Acordos de delação premiada, contudo, parecem estar por enquanto fora do radar do MP.
Mas a premissa não é definitiva. A efetivação de colaborações dependerá dos próximos passos que serão dados pelos investigadores. Eles poderão complicar a situação de alvos já implicados.
O que se observa, de longe, é que o olhar sobre fatos novos do Gaeco já capturou há tempos cenas dos próximos capítulos. Como uma espécie de ‘olho mágico’, que consegue clarear aquilo que às vezes imagina-se obscuro. A partir do que já foi visto… os malotes poderão ir novamente ao sol.