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Meu prezado, Padre Zé estendia a mão de verdade para seus pobres

Na sexta-feira, dois de novembro de 1973, feriado de Finados, o Padre Zé Coutinho, em sua cadeira de rodas, estava no Cemitério Senhor da Boa Sentença pedindo dinheiro para os pobres das suas obras sociais. Passou mal.

Na segunda-feira, cinco do novembro de 1973, morreu aos 75 anos. As emissoras de rádio anunciaram sua morte perto da hora do almoço. Neste domingo, cinco de novembro de 2023, fez 50 anos – uma lembrança necessária.

Na manhã da terça-feira, seis de novembro de 1973, fui me despedir dele no velório na Igreja do Carmo. Entrei numa fila que começava na altura do Cine Plaza e cruzava toda a Avenida Visconde de Pelotas. À tarde, milhares de pessoas – dizem que umas 40 mil – seguiram o cortejo fúnebre até o Cemitério Senhor da Boa Sentença.

Lembro bem do Padre Zé, levado numa cadeira de rodas pelas ruas de João Pessoa. Às vezes, ficava na entrada dos cinemas. Com uma varinha, tocava nas pessoas e pedia dinheiro para seus pobres. “Meu prezado…” – assim chamava a todos.

Era respeitado, mas talvez não fosse unanimemente respeitado. Tinha uma obra social importante à qual se dedicara desde a segunda metade da década de 1930. E vivia como um homem pobre – outra lembrança necessária.

Havia o Instituto Padre Zé, junto da Igreja do Carmo, ali no lado direito da Praça Dom Adauto. E havia o Hospital Padre Zé, na descida de onde hoje é a Avenida Tancredo Neves.

O documentário Padre Zé Estende a Mão é um retrato muito expressivo do Padre Zé Coutinho (ou “Coitinho”, como o povo o chamava). O curta metragem realizado por Jurandy Moura expõe, a partir da figura do padre, as nossas misérias crônicas e a tragédia da desigualdade, que permanece como problema crucial brasileiro.

O filme incomodou o serviço de censura da ditadura militar. O Padre Zé Coutinho de comunista não tinha nada, mas era uma figura incômoda em seu tempo.

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