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saiba como foi planejada obra que é cartão postal de Campina Grande

Campina Grande, que completa 159 anos nesta quarta-feira (11), é uma cidade repleta de obras que contam a sua história. E uma dessas icônicas obras é a Pirâmide do Parque do Povo, situada no Centro da cidade, inaugurada em 1986, e se tornou um dos principais cartões postais da Rainha da Borborema. 

O lugar, que atualmente concentra as apresentações de quadrilhas juninas e shows de trios de forró pé-de-serra durante os festejos juninos da cidade, que faz parte da programação do São João de Campina Grande todos os anos, foi projetado por Carlos Alberto Almeida, de 84 anos, arquiteto da cidade e que, até hoje, comemora com orgulho poder fazer parte da idealização e construção de uma das obras mais importantes da cidade.

Carlos Alberto Almeida, arquiteto que projetou a Pirâmide do Parque do Povo, em Campina Grande — Foto: Marjorie Almeida/Arquivo Pessoal

Carlos Alberto Melo de Almeida atualmente mora em Recife, capital do estado de Pernambuco, onde está em tratamento de problemas de saúde, mas  boa parte da vida morou em Campina Grande. Em 1983, foi indicado por Ronaldo Cunha Lima, prefeito da cidade na época, para projetar a Pirâmide do Parque do Povo. Ele contou ao Jornal da Paraíba como foi os bastidores na época.

“[No ano de] 1960 começaram os preparativos para o primeiro São João [da cidade]. Era um negócio muito incipiente ainda. O que existia era um buraco no local e lá funcionava um palhoção rústico. O Maior São João do Mundo não começou grande. Começou com umas barraquinhas, uma que vendia tapioca, bem rudimentar”, contextualizou Carlos sobre o antecedente do Parque do Povo.

Com a cultura da realização de festejos juninos no local, o prefeito Ronaldo Cunha Lima decidiu revitalizar o espaço e contratou os serviços de Carlos Alberto Almeida para fazer o que, inicialmente, seria o “Forródromo”, mas que ganhou o nome de Parque do Povo.

“O prefeito Ronaldo Cunha Lima me contratou serviços e disse que queria fazer uma festa de São João naquele local, onde todo mundo via que não tinha futuro. Ronaldo disse: ‘Faça um forródromo aí porque eu quero dançar no forródromo’, só isso que ele disse”, explicou Carlos Alberto como funcionou a contratação para realização do projeto da pirâmide.

Segundo Carlos Alberto Almeida, foi realizada uma etapa inicial de estudos, que durou 30 dias, e cerca de seis meses para produzir todo o projeto para ser apresentado ao prefeito Ronaldo Cunha Lima, que quando viu o projeto e a maquete da Pirâmide prontos, aprovou rapidamente.

“O projeto foi tão feliz que ele [Ronaldo Cunha Lima] gostou muito, e disse: ‘Pode fazer!’ Foi quando começaram as escavações”, contextualizou o arquiteto.

Projeto e construção da Pirâmide do Parque do Povo

Construção da Pirâmide do Parque do Povo, em Campina Grande. (Foto: Divulgação/IHCG).

O São João de Campina Grande tomou os rumos da grandiosidade e é conhecido nesse formato a partir de 1983, quando a festa foi denominada “Maior São João do Mundo”, entrando rapidamente na cultura popular. O espaço onde era um “Palhoção”, no lugar que antes era chamado de Coqueiro de Zé Rodrigues, criado pelo ex-prefeito Enivaldo Ribeiro, os campinenses realizavam quadrilhas e comercializavam comidas e bebidas típicas.

Enivaldo Ribeiro deu o pontapé inicial do que seria a sede do forró em Campina Grande. Anos depois, Ronaldo Cunha Lima decidiu “profissionalizar” o evento ali existente, construindo a Pirâmide, batizando o local de “Forródromo”. O Parque do Povo, juntamente com a Pirâmide ali inserida, seria inaugurado em 14 de maio de 1986 e no dia 31 do mesmo mês, seria o palco da festa que consagraria Campina Grande nacionalmente com o “Maior São João do Mundo”.

Carlos Alberto Almeida explicou que no período de construção da Pirâmide, a população campinense criava suposições do que seria construído no local, pois não havia informações detalhadas repassadas à população sobre a obra.

“O povo via o que ia sendo construído, as telhas passando, mas não sabiam dali o que ia nascer. Depois que a forma [de pirâmide] apareceu e que todo mundo viu, aí ficaram imaginando coisas: ‘Ah, é uma pirâmide do tempo do Egito’. Mas nada sobrenatural foi pensado, nada fora do comum, aquilo representa o desejo de fazer uma área coberta diferente. A ideia sempre foi fazer uma pirâmide. Só no final as pessoas viram que o pássaro virou uma águia”, destacou o arquiteto.

No projeto para o local onde era o Coqueiro de Zé Rodrigues e tinha um Palhoção onde eram realizados os festejos juninos virou o Parque do Povo, com a Pirâmide em seu centro, que reúne o ponto máximo da celebração do forró nordestino.

Carlos Alberto Almeida explica que quando viu sua obra sendo inaugurada e, ao longo do tempo, se tornando um cartão postal da cidade, se sentiu surpreso e orgulhoso do trabalho entregue à cidade.

“Todo mundo tem sua parcela de carinho com o que vai fazer. Senti uma sensação boa de estar oferecendo aquilo para todo aquele contexto, oferecendo à comunidade. Foi uma surpresa para todo mundo que passava ali, aos poucos a Pirâmide tornou-se um marco de Campina Grande”, declarou Carlos Alberto Almeida.

Maquete da pirâmide e valor sentimental familiar

Maquete original da Pirâmide do Parque do Povo, em Campina Grande — Foto: Marjorie Almeida/Arquivo Pessoal

A Pirâmide do Parque do Povo, no Centro de Campina Grande, se tornou um marco e cartão postal para a cidade, e a elaboração do projeto dela ganhou, também, valor sentimental para a família de quem o projetou.

A filha de Carlos Alberto Almeida, Marjorie Almeida, explicou que, na época que o pai desenhava o projeto da Pirâmide, observava os traçados e contemplava a maquete produzida pelo pai, e sente orgulho do que aqueles rabiscos no papel se tornaram para a cidade de Campina Grande.

“É realmente gratificante [ver o que a Pirâmide se tornou]. Eu era pequena quando ele desenvolveu esse projeto. Eu recordo dessa fase, recordo dele fazendo a maquete [do projeto original]”, relatou Marjorie.

A maquete original da Pirâmide do Parque do Povo ainda está guardada com a família de Carlos Alberto Almeida e tem alto valor sentimental. Marjorie ainda relatou que teve uma infância muito marcada pela criatividade do pai, onde ela acompanhava o espírito criativo do arquiteto e admirava o trabalho do pai.

“Meu pai sempre teve um espírito criativo muito impactante. Às vezes, esse senso criativo dele [surgia quando] a gente tava na praia, tomando banho de mar, e às vezes ele saia rapidamente porque teve uma ideia e precisava expressar isso no papel. É uma veia artística muito forte e que era muito espontânea. E quando ele tinha aquela ideia precisava colocar no papel”, relatou Marjorie.

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