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Tarcísio Jardim escancara machismo e culpa apenas mulheres por gravidez não planejada

O vereador Tarcísio Jardim (PP) desconsiderou que a geração de uma vida é de responsabilidade de dois – um homem e uma mulher – e resolveu atacar apenas a parte que, muitas vezes, que fica responsável pela decisão de seguir ou não com a gestação não planejada. Condenou as mulheres que buscam apoio do poder público para interromper uma gravidez de forma segura.

Estão querendo usar o aborto como meio contraceptivo. Mulheres irresponsáveis que não sabem tomar consciência dos seus próprios atos querem terceirizar a sua culpa e a consequência das suas ações”, declarou, da tribuna da Casa, nesta quarta-feira (27).

E segue, acusando as mulheres de não conterem seus “impulsos sexuais” sem pensar nas consequências. Novamente, desconsiderando que a geração de um ser é um ato a dois.

Na verdade, eu sou uma pessoa irresponsável, eu não consigo controlar meus impulsos sexuais, eu não consigo ter cuidados suficientes na hora de uma relação sexual, então eu vou fazer uma criança, vou fazer um feto, vou fazer uma vida que não seja minha pagar por isso?”, questiona.

A declaração inaceitável foi durante uma sessão especial para debater Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), e pode descriminalizar a interrupção da gravidez de até 12 semanas.

Em contra ofensiva ao STF, oposicionistas bolsonaristas apresentaram um projeto que pretende aprovar o “Estatuto do Nascituro’. Da bancada da Paraíba, a proposta já conta com a assinatura de vários parlamentares: Cabo Gilberto e Wellington Roberto, ambos do PL, além de Mersinho Lucena (PP), Ruy Carneiro (PSC), Murilo Galdino (Republicanos) e Romero Rodrigues (PSC).

Tarcísio Jardim engrossa o coro dos conservadores que querem atacar o ativismo do STF, mexendo em um assunto de saúde pública que é tão sensível e, claramente, o Brasil não está maduro para discutir e avançar, como outros países.

Questão de saúde pública

O direito ao aborto é, sim, questão de saúde pública e não pode ser debatido do ponto de vista religioso e, menos ainda, meramente moralista e, sobretudo, machista.

No momento em que ele responsabiliza apenas as mulheres pela interrupção de uma gestação não planejada, retira a responsabilidade do homem que gerou aquele ser e é o primeiro a ‘abortar a missão’ ao tomar conhecimento da gravidez.

Independente do argumento válido da defesa da vítima, o bebê “que não pediu para ser gerado”, é justo transferir apenas para a mulher a responsabilidade criminal por uma ato praticado por dois? Será que o tal Estatuto do Nascituro vai responsabilizar também o ‘pai’ de modo paritário?

Mulheres abortam e continuarão abortando, independente da lei. Apesar da lei. O que se precisa avançar é que essa medida drástica, que não deve ser uma escolha fácil, seja tomada de modo seguro, sem risco, principalmente às mulheres pobres, que não têm condições de pagar clínicas particulares (e clandestinas) para se submeter ao procedimento.

Ou que ao menos o debate não seja travado com ótica machista, responsabilizando apenas a mulher. Ou precisamos mesmo, ainda, explicar como se fazem os bebês?

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