Grupo ligado a traficante indicou secretário adjunto e gerente de creche em Cabedelo, diz PF
A Operação ‘En Passant’ da Polícia Federal e do Gaeco, que investiga aliciamento violento de eleitores em Cabedelo nas eleições deste ano, tem como um dos principais objetivos apurar indicações para cargos públicos feitas por pessoas ligadas ao traficante ‘Fatoka’ – que está foragido e é apontado como chefe de um grupo.
No decorrer das investigações a PF diz ter encontrado evidências de que cargos comissionados foram preenchidos na Câmara Municipal e, posteriormente, na prefeitura de Cabedelo, através de pedidos feitos por Marcela Pereira da Silva – irmã de ‘Fatoka’.
Um desses indicativos é a presença da expressão ‘Marcela FTKA’ ao lado de nomes de servidores comissionados, achados em listas apreendidas na secretaria de Administração da prefeitura.
Conforme a PF, o grupo teria indicado Amanda Serafim da Silva, como gerente de Juventude; Luiz Carlos da Silva Lima como secretário adjunto de Ação Governamental; Maria Geovana Araújo da Silva, para o cargo de assessor especial III; e Walquíria Oliveira da Silva, como Assessora Especial II.
Além disso, os investigadores também afirmam que foram encontradas listas de pessoas que foram empregadas, supostamente por solicitação do grupo, em uma empresa que presta serviço à prefeitura.
Em um outro pen drive, apreendido durante as buscas, a PF e o Gaeco encontraram outros dois nomes com indícios de indicação por parte de Marcela: Crislayne Lacerda dos Santos, que ocupava o cargo de Subgerente de Pedagogia na Secretaria de Educação; e Márcia da Silva Almeida, como gerente de creche.
Ao lado desses nomes, diz o documento da PF, havia a observação ‘Marcela Pereira’.
Todas essas pessoas, além de Flávia Monteiro, foram exoneradas dos cargos pelo prefeito Vitor Hugo (Avante) no mesmo dia da primeira fase da operação, 18 de outubro – após as buscas.
Os ex-servidores, com exceção de Flávia Monteiro, não são alvos da investigação da PF e do Gaeco.
“De outro lado, chama ainda mais atenção que essas mesmas pessoas tenham sido exoneradas em 18.10.2024 no mesmo dia do cumprimento dos mandados de Busca e Apreensão. Trata-se de clara tentativa de apagar elementos de convicção, dificultando a investigação criminal e por consequência a instrução processual penal”, relata a PF na representação.
Esse argumento serviu de base, além de outros dados, para pedir a prisão preventiva do prefeito de Cabedelo Vitor Hugo. O pedido, contudo, não foi encampado pela Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) e não foi acatado pela desembargadora Maria Cristina Santiago, do TRE.
Após ser alvo de busca, na segunda fase da Operação, o prefeito Vitor Hugo publicou uma nota negando qualquer tipo de envolvimento nos fatos investigados pela PF e o Gaeco.
Aliados dele dizem que a gestão não possui relações com a facção investigada e afirmam que as nomeações atenderam a pedidos de vereadores, estes ligados a ‘Fatoka’.
Veja a nota de Vitor Hugo na íntegra
O Prefeito de Cabedelo, Vitor Hugo Castelliano, vem a público esclarecer os fatos com relação à operação realizada na manhã desta terça-feira (19), pela Polícia Federal e Gaeco.
1. Apoia e confia integralmente nas ações realizadas por todo e qualquer órgão de Justiça.
2. Está tranquilo e à disposição para quaisquer esclarecimentos.
3. Nega envolvimento com os fatos investigados. 4. Está há quase 07 anos trabalhando incansavelmente pela transformação do município sem que nenhuma denúncia ou situação tenha respingado na credibilidade da sua gestão.