PB INFORMA

Notícias da Paraíba e Nordeste, futebol ao vivo, jogos, Copa do Nordeste

Noticias

Não adiantou esconder a idade. Jorge Ben Jor faz 85 anos hoje

Jorge Ben Jor escondeu a idade por muitos anos, mas, afinal, sabemos que ele faz 85 anos nesta sexta-feira, 22 de março de 2024. Quem descobriu foi Kamille Viola, autora de um livro sobre o álbum África Brasil. Em suas pesquisas, ela encontrou um documento com o ano correto do nascimento de Ben Jor: 1939.

Nunca me acostumei com a mudança de nome para Ben Jor. Até hoje, prefiro Jorge Ben. Do jeito que era na época em que comecei a ouvi-lo, no final da década de 1960, na fase em que se aproximou do Tropicalismo. Vinha da Bossa Nova e passara também pela Jovem Guarda, com seu jeito absolutamente original de compor, cantar e tocar sambas.

Ben é um inventor. Os sambas em tom menor com os acordes que utiliza, o modo com que se acompanha ao violão (mais tarde, à guitarra), as letras sem similar na MPB – tudo nele é singular, único. E era novíssimo, no instante em que foi revelado com o LP Samba Esquema Novo. É lá que estão seus primeiros sucessos, os hits que o projetaram: Mas Que Nada, Chove Chuva e Por Causa de Você, Menina.

Três discos sintetizam os fundamentos do seu trabalho: Samba Esquema Novo (1963), Sacundin Ben Samba (1964) e Ben É Samba Bom (1964). Gravado por Sérgio Mendes nos Estados Unidos, Mas Que Nada se transformou num hit em escala planetária.

O impacto provocado por Samba Esquema Novo foi tão grande que Gilberto Gil, ainda na Bahia, ficou desnorteado em relação ao seu futuro musical. E enxergou naquelas músicas a semente do que o Tropicalismo viria a ser.

Por mais que se guiasse pela intuição, o jovem Ben se aparelhara na noite carioca, frequentando o Beco das Garrafas, e já havia nele uma nítida vocação para as fusões que iriam transformar a música popular brasileira nos anos seguintes.

Em sua extensa produção, os discos que prefiro são aqueles que vão do LP de 1969 (não tem título, apenas o nome do artista e os sucessos País Tropical e Charles Anjo 45) até o de 1976 (África Brasil), quando trocou a Philips pela Som Livre.

Se ouvirmos esta fase da sua carreira, vamos encontrá-lo trabalhando com o que aprendera na Bossa Nova, na Jovem Guarda e no Tropicalismo. E com todas as outras influências que recebeu, das matrizes africanas, da soul music, do rock.

Jorge Ben recorre a tudo isto sem jamais abrir mão da sua singularidade, da sua assinatura. Aquilo que um maestro, certa vez, chamou de “estilo Jorge Ben”. Chamou e colocou na partitura, na falta de uma definição melhor.

No imprescindível livro 300 Discos Importantes da Música Brasileira, organizado pelo titã Charles Gavin, aparecem três álbuns de Jorge Ben: Samba Esquema Novo, A Tábua de Esmeralda e África Brasil.

Há outros muito bons. Ben, que traz o primeiro dos diversos registros de Taj Mahal, e Força Bruta são excepcionais. Assim como o álbum-duplo Ogum-Xangô, que gravou com Gilberto Gil em 1975.

Duas vozes, dois violões, contrabaixo e percussão em intermináveis improvisações. Eric Clapton viu de perto, numa jam no Rio, e ficou perplexo. O “deus” da guitarra deve ter identificado, no canto e nas cordas de Jorge e Gil, o que o deslumbrou no blues.

Salve, Jorge!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *