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Campeão brasileiro de 87: Flamengo ou Sport?

Dentro e fora das quatro linhas, o futebol é repleto de situações que marcam épocas e gerações com debates em diversas camadas do esporte e da sociedade. E uma das páginas mais controversas da história do esporte no Brasil é sobre quem foi o campeão brasileiro de 87. 

O Jornal da Paraíba preparou um resgate sobre a história da competição, o formato da disputa, o envolvimento da CBF e o Clube dos 13, além da famosa “Taça das Bolinhas”. Então, no fim das contas, quem é o verdadeiro campeão brasileiro de 87: Flamengo ou Sport? Embarque conosco nessa e conheça a história!

Campeonato de 1987: a disputa e a controvérsia

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu que os vencedores de cada módulo, que eram regionalizados, avançariam para um quadrangular decisivo. Porém, o campeão do Verde, o Flamengo, não enfrentou o vencedor do Amarelo, o Sport. A polêmica, por sua vez, teve o seu ápice quando os dois Rubro-negros reinvidicaram a taça de 1987 no Supremo Tribunal Federal (STF).

Decisão da CBF

Em 2011, a CBF, por meio da Resolução da Presidência nº 02/2011, reconheceu oficialmente Flamengo e Sport como os campeões do Campeonato Brasileiro de 1987. Dessa maneira, Internacional e Guarani também foram declarados como os vice-campeões da competição daquele ano.

Clubes criam o Clube dos 13

Então presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Otávio Pinto Guimarães anunciou, em 7 de julho de 1987, que a entidade não poderia organizar o Campeonato Brasileiro daquele ano por falta de verbas. Não demorou muito e aconteceu um telefonema entre dois presidentes de duas das maiores equipes do país: Flamengo e São Paulo.  Carlos Miguel Aidar, do Tricolor, e Márcio Braga, do Rubro-Negro, disseram um para o outro: “Chegou a hora”.

Criado em 1987, o Clube dos 13 foi uma iniciativa fundamental para fortalecer agremiações esportivas do país, especialmente na negociação de direitos de transmissão de partidas de futebol, no desenvolvimento de estratégias para o crescimento da modalidade no Brasil e na organização do Campeonato Brasileiro.

Naquele momento, mudanças significativas aconteciam no futebol brasileiro, afinal, com a democratização em todo o país, houve um relativo crescimento da importância dos clubes como organizações de alcance nos quatro cantos do Brasil. Dessa maneira, os dirigentes tiveram o entendimento de se unirem para fortalecer o grupo nas negociações com os patrocinadores e também com os canais de TV.

No fim das contas, os 13 principais clubes brasileiros daquele período, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama, se reuniram e resolveram criar a entidade. 

Com Carlos Miguel Aidar como o presidente da organização, o grupo decidiu, em um primeiro encontro, que seria denominado de União dos Grandes Clubes Brasileiros. Porém, pouco tempo depois, a nomenclatura Clube dos 13 foi oficializada.

Pouco depois da criação do Clube dos 13, o objetivo de organizar um torneio se consolidava no grupo. Até a formalização do Campeonato Brasileiro de 1987. O nome da competição, por sua vez, seria justamente a menção da junção de todos eles: a Copa União. 

O torneio, por sua vez, resolveu desconsiderar alguns times importantes, como o América-RJ, semifinalista do Brasileirão 1986, e o Guarani, finalista daquela edição. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por outro lado, resolveu criar uma competição que contemplasse demais times; 32, tendo dois módulos de 16 integrantes.

Acusados de serem um grupo elitista, o Clube dos 13 resolveu solicitar às federações de Goiás, Paraná e Pernambuco que indicassem mais três clubes menores. E eles foram aceitos: o Goiás, o Santa Cruz e o Coritiba. Desse modo, o grupo unificado dos principais times do país decidiu que a Copa União seria fechada com 16 agremiações.

Entenda o Módulo Verde e Módulo Amarelo

O Módulo Verde, também denominado Copa União (Troféu João Havelange), contou com as participações dos grandes clubes do futebol brasileiro, tidos como a elite do país: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santa Cruz, Santos, São Paulo e Vasco.

Módulo Verde

Na primeira fase do Módulo Verde, os 16 clubes se enfrentaram no modo todos contra todos em turno único, ainda que tenha sido organizado em duas chaves de oito para determinar os classificados. Na primeira etapa da Copa União, houve confronto chave A x chave B, totalizando oito rodadas, e na segunda etapa, todos os jogos foram entre os clubes da mesma chave. 

Os jogos da fase final (semifinais e finais) foram com disputas de ida e volta. Na primeira das semifinais, o Flamengo venceu o Atlético-MG nos dois jogos e carimbou o passaporte para a finalíssima. 

Na outra chave, Cruzeiro e Internacional ficaram no primeiro confronto, e o Colorado derrotou a Raposa no segundo. Dessa forma, a decisão foi Internacional x Flamengo. Após um empate na ida e uma vitória rubro-negra na volta, o Mengão foi o grande campeão do Módulo Verde.

Módulo Amarelo

O Módulo Amarelo (Troféu Roberto Gomes Pedrosa), por outro lado, tinha as participações de clubes de menor expressão do futebol brasileiro: Atlético-GO, Athletico, Bangu, Ceará, CSA, Criciúma, Guarani, Inter de Limeira, Joinville, Náutico, América-RJ, Portuguesa, Rio Branco, Sport, Treze e Vitória.

A fórmula de disputa foi idêntica à do Módulo Amarelo, tendo Athletico e Guarani avançando pelo grupo A, e Bangu e Sport os classificados da chave B.

Na primeira semifinal, o Guarani despachou o Athletico depois de um empate no primeiro jogo e de uma vitória simples na partida de volta, enquanto o Bangu venceu o Sport na ida, e o Leão derrotou o Alvirrubro na volta. 

O duelo entre paulistas e pernambucanos foi para os pênaltis. Quando a disputa estava em 11 x 11, os dois clubes entraram em um acordo determinando o fim do duelo e a divisão do título do Módulo Amarelo. Mas, para não contrariar o argumento, o que poderia resultar em retaliação da CBF, o time de Campinas resolveu abdicar do título, em 22 de janeiro de 1988. Dessa maneira, a entidade declarou o Sport campeão com base na melhor campanha. 

No quadrangular final, Internacional x Flamengo já era considerada uma final, não houve o cruzamento dos módulos, já que Colorado e Mengão cumpriram a determinação do Clube dos 13 e do regulamento do Módulo Verde, que fora criado por eles. A CBF, por sua vez, considerava inválido e determinou que houvesse um confronto entre os campeões e os vices do Amarelo e do Verde para determinar o campeão de 87.

Flamengo e Internacional não participaram, porque a opinião do Clube dos 13 era de que o Módulo Amarelo, que contava com as participações de clubes de menor expressão, seria uma espécie de Série B de 1987, e não uma primeira divisão.

No primeiro jogo, Guarani x Flamengo, o Rubro-Negro não compareceu, e o Bugre foi declarado vencedor pelo placar de 1 a 0. Da mesma maneira, para Sport x Internacional, Guarani x Internacional, Sport x Flamengo, Flamengo x Internacional, que não compareceram em tom de protesto, Flamengo x Guarani, Internacional x Sport, Internacional x Guarani, Flamengo x Sport e Internacional x Flamengo. 

No fim das contas, Sport e Guarani carimbaram os seus respectivos passaportes para a Copa Libertadores da América de 1988, que foi vencida pelo Nacional do Uruguai, após derrotar o Newell’s Old Boys na finalíssima. 

Disputa entre Flamengo e Sport

Vencedor do Módulo Verde, o Flamengo argumenta que o fato de ter vencido a disputa com os principais clubes do país já o credenciava como o campeão brasileiro de 87. De acordo com o Mengão, o grupo continha os mais fortes e tradicionais times do país. Ou seja, sendo uma legítima competição por si só. Para o Rubro-Negro caqrioca, o Módulo Verde era composto por adversários de nível técnico e superioridade acima de qualquer uma outra.

Para além desses fatores, o clube da Gávea destaca que não houve desrespeito pelas regras estabelecidas anteriormente. Isso porque, para o Flamengo, não houve um acordo prévio de que aconteceria um confronto entre Amarelo e Verde.

O Sport, por outro lado, entende que a divisão de Verde e Amarelo não objetivava uma criação de dois diferentes campeões. Para o clube do Recife, a intenção era criar um embate final para definir o vencedor de 87. Campeão do Amarelo, o Leão afirma que havia conquistado o direito de enfrentar o campeão do Verde. 

Ainda de acordo com o Rubro-Negro pernambucano,  a recusa do Flamengo em enfrentá-lo era uma violação às normas estabelecidas para o campeonato e ao espírito competitivo do esporte.

Decisões judiciais e recursos legais

Foto: Sport Club do Recife

O título foi parar nos tribunais, e em 1989, a Justiça Comum do país determinou o Flamengo como o grande campeão de 1987. A decisão, portanto, gerou um título extraoficial para o Rubro-Negro carioca. 

Até que em 2018, após negar dois recursos do Flamengo, o STF bateu o martelo e decidiu que o Sport era o único campeão brasileiro de 87. 

Em 2023, após 30 anos de disputa judicial, por 3 votos a 1, a Primeira Turma da Corte negou recurso protocolado pelos advogados do Flamengo, clube que questionava o título.

Em seus sites oficiais, tanto a CBF quanto a Fifa também reconhecem o título daquele ano como do time carioca.

Posição da CBF e Taça das Bolinhas

Em 2011, a CBF, no guia oficial do Campeonato Brasileiro de 2012, reconheceu que o Flamengo também é campeão brasileiro de 87. E, em 2021, ao parabenizar o clube pelo bicampeonato brasileiro, a entidade também o chancelou como octa, tratando sobre a vitória na Copa União de 87.

Até 2009, a CBF reconhecia o Rubro-Negro apenas como pentacampeão, dessa forma, o São Paulo levaria a Taça, por ter conquistado o Brasileirão cinco vezes. Em 14 de fevereiro de 2011, o Tricolor recebeu o troféu pela Caixa. Já em 21 de fevereiro daquele ano, a Confederação Brasileira de Futebol também reconheceu o Flamengo como campeão de 87. Com isso, a justiça determinou que o São Paulo teria 24 horas para devolver a taça à Caixa. 

Em 2019, a justiça determinou que o Banco passasse a posse do troféu para a entidade máxima do futebol brasileiro. Porém, um prazo para que a CBF tomasse uma decisão sobre o assunto não foi estipulado. Dessa maneira, a Taça das Bolinhas segue sem um verdadeiro dono até os dias atuais. 

Quem é o verdadeiro campeão de 1987: Flamengo ou Sport

No cenário do futebol brasileiro, a controvérsia em torno de quem foi o campeão brasileiro de 87 persiste. A verdade sobre quem é o verdadeiro campeão de 1987 permanece um debate acalorado, com nuances legais e históricas que moldaram o panorama do futebol nacional.

Quantos títulos brasileiros o Flamengo tem reconhecido pela CBF?

Foto: Reprodução

No ano de 2021, após conquistar o bicampeonato brasileiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) parabenizou o Flamengo pelo octacampeonato, enaltecendo as conquistas de 1980, 1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019 e 2020. 

Quantos títulos brasileiros o Sport tem reconhecido pela CBF?

Foto: Reprodução/Facebook Sport Club do Recife

De acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Sport possui um título brasileiro, referente ao Brasileirão 1987.

O debate contínuo: por que ainda gera polêmica?

Há fundamentos justificáveis nos discursos de Flamengo e Sport acerca do Campeonato Brasileiro de 1987. O Rubro-Negro carioca venceu a competição organizada pelo Clube dos 13, o Módulo Verde.

O Rubro-Negro da Ilha do Retiro, por sua vez, venceu o Módulo Amarelo daquele ano, que foi organizado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Diante disso, a divisão dos campeonatos de 1987 se tornou uma visão mais razoável e saudável para a situação. 

Prolongar o debate há quase 40 anos tem se mostrado prejudicial ao futebol brasileiro e contribui para aflorar negativamente as paixões de milhões de torcedores espalhados pelos quatro cantos do país. Desse modo, é fundamental buscar um consenso e reconhecer a importância dos dois rubro-negros para o campeonato de 1987.

O legado de 1987 no futebol brasileiro

O Campeonato Brasileiro de 1987 resultou em diversas análises e críticas sobre o futebol brasileiro. Afinal, duas competições eram disputadas simultaneamente naquela época: a Copa União, organizada pelos principais clubes do país, e o Módulo Amarelo, da CBF.

No fim das contas, não reconhecer o título da Copa União ao Flamengo tem gerado um enorme debate. Isso porque o Clube dos 13 deixou um legado importante para o país, quando os clubes demonstraram união e voz ativa, determinados a alavancar o esporte brasileiro.

Portanto, é imprescindível entender 1987 como um ensinamento de que a união é fundamental para construir um futuro sólido no Brasil.

Resumo

Neste artigo o Jornal da Paraíba explicou a polêmica sobre quem foi o campeão brasileiro de 87. Explicamos o envolvimento da CBF no tema e a participação do Clube dos 13, que organizou a Copa União. 

Desde as divergências entre Módulo Verde e Módulo Amarelo até as decisões judiciais que ecoam até os dias atuais, o Jornal da Paraíba abordou a polêmica que envolveu a criação do Clube dos 13 e a famosa “Taça das Bolinhas”. Apesar da CBF reconhecer ambos como campeões, o embate judicial concluiu que o Sport é o único detentor do título.

O debate sobre quem é o verdadeiro campeão brasileiro de 87 permanece até os dias atuais. O formato desta competição, as polêmicas entre clubes, CBF e Clube dos 13 moldaram a história do futebol nacional.

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