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Com Marta Suplicy de volta ao PT, os petistas estão proibidos de falar do golpe que derrubou Dilma

“Política é o fim”. É um verso de Ele me deu um beijo na boca, música de Caetano Veloso gravada há mais de 40 anos. O colunista acha que política é o fim. Mas acha também que política é assim. Ou, ainda, que política é indispensável. Não há, portanto, o que fazer, ao mesmo tempo em que é preciso não perder a capacidade de se indignar.

Marta Suplicy. Lembram dela? Como feminista e sexóloga, se projetou nas manhãs do programa TV Mulher. Fundadora do PT, progressista, identificada com as melhores causas, respeitada por muitos. Era casada com Eduardo Suplicy, um Matarazzo Suplicy que destoava da velha aristocracia de São Paulo.

Por muitos anos, houve essa Marta. Feminista, sexóloga, fundadora do PT, prefeita de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores.

Depois, foi chegando uma outra Marta. Aquela do duvidoso Luis Favre no lugar do sempre confiável Eduardo Suplicy. Aquela do “relaxem e gozem” do Ministério do Turismo, estão lembrados? Ou a que permitiu que sua campanha insinuasse que Gilberto Kassab era gay e, por isso, não devia ser prefeito de São Paulo. E ainda a que disse que Fernando Haddad foi o pior prefeito de São Paulo.

Mas a Marta mais decepcionante, na minha opinião, foi a que, como senadora, traiu o Partido dos Trabalhadores, que a elegeu por São Paulo, e, em 2016, votou pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em cujo governo havia ocupado o Mnistério da Cultura.

Dava para entender o apoio de muita gente ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Não dava para entender o apoio de Marta Suplicy. Historicamente, não dava.

Em 2022, no casamento de Lula e Janja, Dilma estava lá como convidada. Marta também estava. Não se cumprimentaram. Dilma, com razão, não quis apertar a mão de uma, além de golpista, traidora. Marta não era merecedora nem de um gesto formal da ex-presidente.

O tempo passou, estamos em 2024, e já já tem eleição municipal. O PT não terá candidato a prefeito de São Paulo posto que vai apoiar a candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, que teve expressivo desempenho na eleição de 2020, chegando a disputar o segundo turno. O PT ficará com a vice na chapa de Boulos, faz tempo que está combinado.

Muito bem. Boulos prefeito com quem para vice? Sim. Com quem? Ora, com Marta Suplicy, que acaba de ser convidada pelo presidente Lula para voltar ao PT e ser vice de Boulos. Marta, que era secretária do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, já entregou o cargo.

Deixando Marta de lado, mas permanecendo na história do golpe de 2016, a frase do então senador Romero Jucá com o roteiro da deposição da presidente – “Com Supremo e tudo” – pode ser invocada no momento em que temos Ricardo Lewandowski anunciado como novo ministro da Justiça. Lewandowski que, como presidente do STF, esteve à frente do impeachment de Dilma Rousseff. Aquele que, aos olhos do PT de 2016, não era traidor, mas era golpista.

A conclusão pode ser: política é o fim. Mas será outra: sob Lula, os petistas estão proibidos de falar do golpe que derrubou Dilma Rousseff.

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