Tiago Fontes, o único suspeito do desaparecimento da menina Ana Sophia, foi encontrado morto em 9 de novembro e teve a identidade confirmada pela Polícia Civil nesta terça-feira (14). De acordo com a Polícia Civil, Tiago pesquisou em seu aparelho celular sobre estágio e decomposição de corpo humano e ocultação de cadáver, horas depois do desaparecimento de Ana Sophia e instantes antes das buscas serem iniciadas.
Em entrevista coletiva concedida pela Polícia Civil nesta terça-feira (14), o delegado Aldrovilli Grisi, que investiga o caso, explicou que Tiago Fontes pesquisou sobre vários casos de desaparecimentos de criança que envolvem morte e estupro. Ainda de acordo com o delegado, Ana Sophia está morta e o corpo está oculto. Nesta terça-feira, buscas pelo corpo da menina foram iniciadas na região onde o corpo de Tiago Fontes foi encontrado, na região do sítio Camará de Baixo, na zona rural de Bananeiras.
“Não estamos trabalhando com achismos, estamos trabalhando com certezas. Hoje temos certeza que Tiago Fontes assassinou Ana Sophia. Não existe a possibilidade dela estar em outro local. Ela está ocultada”, disse o delegado Aldrovilli Grisi.
Ana Sophia desapareceu em 4 de julho, por volta de 12h, quando pediu à mãe para ir brincar na casa de uma colega, como era de costume. A menina de 8 anos era acostumada a andar pelas ruas do distrito de Roma, no município de Bananeiras. Ela se despediu por três vezes e saiu usando um vestido azul florido. Ana Sophia foi até a casa da colega, mas não permaneceu por muito tempo, pois a menina estava de saída com a família para Solânea, cidade vizinha a Bananeiras.
Uma câmera de segurança registrou Ana Sophia se despedindo da colega e retornando, como se estivesse voltando para casa, no entanto, ela nunca chegou na sua residência. Aquele foi o último registro da criança. No mesmo dia, a família de Ana Sophia registrou na polícia o desaparecimento, e as buscas começaram no dia seguinte.
Um dia após o desaparecimento de Ana Sophia, Tiago Fontes começou a realizar buscas na internet, através de seu aparelho celular, sobre estágio e decomposição de corpo humano e ocultação de cadáver.
De acordo com a Polícia Civil, a cronologia das pesquisas no celular de Tiago Fontes foram:
- 5 de julho – 7h37 – pesquisa sobre decomposição de corpo humano;
- 6 de julho – pesquisa o caso da criança Júlia, da Praia do Sol, que foi encontrada num poço assassinada pelo padrasto. Alguns dias depois, ele usa como critério de pesquisa “corpo uma semana após a morte”;
- 25 de julho – pesquisa sobre estágios de putrefação
- 28 de julho – pesquisa quanto tempo um fio de cabelo perde a capacidade de ser identificado por um DNA – preocupado com a ocultação de vestígios.
De acordo com o delegado Aldrovilli Grisi, Tiago Fontes arquitetou a morte e ocultação do corpo de Ana Sophia, e no dia do desaparecimento da menina ele saiu mais cedo do que o habitual para trabalhar e, nesse período, saiu para ocultar o corpo de Ana Sophia.
“Ele [Tiago] coloca o carro na garagem, o que não costumava acontecer. Lavou a garagem. Ele saiu com o carro numa rota distinta ao normal, com o corpo de Sophia já dentro do carro. Saiu para o trabalho por uma rota oposta na contramão. Por uma estrada de barro, numa época climática adversa. Saiu do trabalho antes. Ele teve 1h30min para ocultar o corpo”, explicou o delegado.
Cronologia da morte e ocultação do corpo de Ana Sophia
4 de julho
- 17h50 – No final da tarde, a esposa de Tiago Fontes chega em casa com o carro e ele sai para trabalhar
- 18h08 – Tiago chega no trabalho em um condomínio em Bananeiras. A Polícia Civil monitorou oito idas ao trabalho do suspeito, e no dia do crime ele mudou a rota de ida ao trabalho.
5 de julho
- 4h – Ainda no trabalho, Tiago Fontes começa a realizar pesquisas sobre estágio e decomposição de corpo humano e ocultação de cadáver.
- Entre 5h e 5h08 – Tiago Fontes sai do trabalho, mas não volta para casa pela rota habitual
- 6h52 – Tiago Fontes chega em casa
De acordo com a Polícia Civil, Tiago Fontes ocultou o corpo de Ana Sophia em dois momentos, de forma provisória, e na janela de tempo em que saiu do trabalho para casa, num tempo de 1h52, ocultou o corpo da menina de forma definitiva.
“Um homem extremamente ardiloso, que se antecipava aos fatos”, relatou Aldrovilli Grisi, delegado que investiga o caso.
Durante a investigação e coleta de depoimentos, o delegado Aldrovilli Grisi informou que Tiago Fontes ficou próximo de confirmar que matou Ana Sophia em três momentos, contudo, recuou em confessar o crime e se colocou no lugar de vítima.
“Ele [Tiago] ficou perto de confessar [ter matado Ana Sophia] por três vezes o crime quando foi interrogado. Mas não o fez. Ele chegou a dizer: ‘eu não tenho o corpo’. Ele fez uma postura de vítima, mas só existe uma vítima: Ana Sophia”, explicou o delegado.
Segundo o delegado Aldrovilli Grisi, que investiga o caso, a “motivação real [da morte de Ana Sophia] está enterrada com Tiago Fontes” e que o suspeito tinha um relacionamento indireto com a menina, mesmo que ele tenha negado a convivência, mas a Polícia Civil disse que há provas testemunhais.
“Ele tinha conhecimento da rotina da família de Ana Sophia. E aí vem os detalhes, corroborados em depoimentos, de um olhar, de uma cultura injusta com a mulher, a cultura do desvirginamento da criança, um olhar cruel, de um objeto. Com as afirmações que ele mesmo falou, sobre a atividade sexual dele na delegacia, nos leva a supor que se trata de uma crime de cunho sexual”, disse Aldrovilli Grisi.
O delegado Aldrovilli Grisi ainda informou que a família de Ana Sophia vivia em um imóvel alugado pelo sogro de Tiago, que morava em frente a residência da família da menina e Tiago frequentava a casa do sogro.
O corpo de Tiago Fontes foi encontrado sem sinais de hematomas ou perfurações, mas em avançado estado de decomposição. O corpo de Tiago Fontes foi encontrado junto de uma garrafa de bebida alcóolica e uma cama feita com capim, numa área de mata fechada, por trabalhadores rurais. A Polícia Civil acredita que Tiago Fontes morreu por enforcamento.