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Delator na Operação Cartola, ex-árbitro é um dos denunciados por corrupção no Caso Padre Zé

Na manhã desta sexta-feira, o Ministério Público da Paraíba (MPPB), através do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) fez mais uma denúncia do chamado “Caso Padre Zé”, investigação que apura uma suposta Organização Criminosa, que, segundo o MPPB, teria formulado contratos fraudulentos entre o o Hospital Padre Zé e empresas fantasmas, com recursos oriundos do Governo do Estado, a fim de enriquecimento ilícito oriundos de recursos públicos para os operadores do esquema. Nesta quarta-feira, os ex-secretários Pollyanna Dutra e Tibério Limeira foram denunciados, além de do ex-árbitro de futebol da CBF, Kildenn Tadeu, que foi denunciado pela segunda vez.

Kildenn Tadeu. Divulgação / Nacional de Patos

Acontece que Kildenn Tadeu foi um importante agente de outra operação famosa na Paraíba, a Operação Cartola, que investigou manipulação de resultados no futebol paraibano em 2018. A operação desencadeou em investigações, buscas e apreensões, medidas cautelares, banimentos do futebol e até condenações na esfera criminal, que posteriormente foram consideradas prescritas.

Delator na Operação Cartola

Atualmente fora do mundo da arbitragem e implicado como um dos principais nomes da suposta Organização Criminosa, segundo o Gaeco, que desviou recursos do Estado em contratos entre o Hospital Padre Zé e empresas que seriam suas, Kildenn Tadeu já chegou a ser um dos principais árbitros auxiliares da Paraíba.

Em 2018, quando foi deflagrada a Operação Cartola, Kildenn fazia parte do quadro da CBF. Federado na Paraíba, Kildenn já tinha sido bandeira em partidas importantes no estado e no Brasil.

Ao lado dos também ex-árbitros Pablo Alves e Gilvanez Araújo e do ex-vice-presidente da Federação Paraibana, Nosman Barreiro, Kildenn foi um dos delatores que deu origem à Operação Cartola.

Trecho de um dos depoimentos de Kildenn na época da Operação Cartola. Reprodução

Em depoimentos à Polícia Civil, Kildenn e os outros relataram que havia um suposto esquema de manipulação de resultados no futebol paraibano, operado desde e época da exp-presidente da FPF, Rosilene Gomes, e que continuava na gestão de Amadeu Rodrigues, com consórcio do ex-presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (Ceaf-PB), José Renato, e com árbitros e dirigentes de clubes da Paraíba na época.

Kildenn, em especial, também acusou o ex-árbitro Renan Roberto, naquele momento o principal juiz paraibano a nível nacional, de corrupção em jogos nacionais, o que nunca foi provado. Nem Kildenn, que também foi investigado, nem Renan Roberto foram indiciados após as investigações da Polícia Civil e do Gaeco.

Figuras como Amadeu Rodrigues e José Renato, no entanto, foram banidos do futebol no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em decorrência da operação, além de terem sido indiciados e, posteriormente, condenados pela Justiça. Em todos os casos de condenação que foram oriundos da Operação Cartola, no entanto, a Justiça, em 2025, julgou como prescritas as penas.

Com a exposição do caso, que modificou bastante a estrutura do futebol paraibano, com a saída de antigos dirigentes e ingresso de outros no espaço de poder, Kildenn Tadeu perdeu espaço na arbitragem na gestão de Michelle Ramalho e acabou por se aposentar, forçadamente, das funções de arbitragem a nível estadual e nacional, no futebol profissional.

Denunciado na “Operação Indignus”

A Operação Indignus, deflagrada no ano passado pelo MInistério Público da Paraíba, investiga uma suposta Organização Criminosa que, segundo o Gaeco, firmou contratos fraudulentos com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Humano (SDH) do Governo do Estado entre o Hospital Padre Zé e empresas fantasmas, para, em tese, oferecer alimentação para populações vulnerablizadas socialmente em cidades da Paraíba.

A iniciativa tinha o objetivo de atender moradores de rua em cidades como Guarabira, João Pessoa, Pombal, Cajazeiras e Campina Grande. Até o ano passado, foram firmados 14 termos de colaboração junto às instituições do Padre Zé, totalizando repasses superiores a R$ 21 milhões.

Kildenn Tadeu foi identificado como o dono de fato de inúmeras empresas que concorreram na licitação. Algumas delas foram aprovadas, e todas eram operadas Kildenn, líder desse suposto núcleo da Organização Criminosa, que contava com empresas com donos que faziam parte da sua família, apontados como “laranjas”.

Egídio de Carvalho é padre e ex-diretor do hospital.

O ex-árbitro auxiliar coordenava empresas de fachada que forneciam serviços ao Hospital Padre Zé e desviavam recursos por meio de notas fiscais fraudulentas, em que, segundo o Gaeco, relatava serviços que não eram prestados na prática.

Segundo o Gaeco, algumas dessas empresas foram criadas em 2021, apenas para participar da licitação, e após passarem a supostamente fornecer os serviços, as notas fiscais eram sequenciadas, caracterizando, segundo a investigação, cliente único.

Ainda segundo a investigação, as empresas recebiam os valores, algumas delas não prestava o serviço na prática, recebiam os recursos públicos e devolviam parte deles para o Padre Egídio, então gestor do Hospital Padre Zé, como propina. As “devoluções” eram feitas em espécie, ou através de transferências bancárias destinadas ao pagamento de bens adquiridos, de acordo com a denúncia, pelo padre Egídio.

Segundo as denúncias do MPPB, os valores devolvidos chegaram a um montante de R$ 1,6 milhão. As denúncias são ancoradas em conversas por aplicativos dos celulares apreendidos no curso da investigação e em anotações da tesoureira do Instituto São José/Hospital Padre Zé, igualmente apreendido.

As diferentes empresas que supostamente forneciam os serviços eram de propriedade de Kildenn Tadeu, do seu irmão, Sebastião Nunes de Lucena Júnior, e da sua sobrinha, Mariana Inês de Lucena Mamede. Todos foram denunciados por Organização Criminosa. O Jornal da Paraíba tentou entrar em contato com Kildenn Tadeu, mas não obteve êxito.

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