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Agenda de Bolsonaro na Paraíba demonstra força da direita e necessidade de amadurecimento se quiser avançar

*Por Felipe Nunes

Se por um lado a passagem recente do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Paraíba, demonstrou, de forma patente, a força eleitoral, a capilaridade social e o poder de mobilização da direita, urge anotar também a necessidade de amadurecimento de suas lideranças políticas.

Essas lideranças desempenham um papel crucial na representação do eleitorado conservador, resultando em votações expressivas. Contudo, é possível constatar que os projetos pessoais tendem a sufocar os valores desse eleitorado, gerando desgastes e ruídos que prejudicam os resultados almejados.

Um primeiro desgaste ocorreu logo na chegada de Bolsonaro, visivelmente irritado ao se deparar com a situação de eleitores o aguardando sob o sol, fora do terminal do Aeroporto Castro Pinto. Apesar de as lideranças possivelmente não terem uma culpa direta, como se pode inferir de uma nota distribuída pela administração do Aeroporto, uma comunicação mais eficiente poderia ter evitado esse desgaste inicial.

A primeira impressão foi a de que aparecer ao lado de Bolsonaro era mais importante do que ouvir o que ele tinha a dizer: “não esperem apenas por mim para resolver as coisas”. E quem duvida de que, nesse ponto, o ex-presidente está correto?

Já durante a sessão especial na Assembleia Legislativa da Paraíba, que concedeu títulos de cidadão ao ex-presidente, as ausências de figuras eleitas pelo conservadorismo foram notadamente sentidas, como os vereadores Tarcísio Jardim e Marcílio do HBE, a deputada estadual Lucinha Lima, e o deputado federal Wellington Roberto (este menos dependente do bolsonarismo). Devem uma explicação ao eleitorado.

No lançamento da pré-candidatura de Marcelo Queiroga, o público lotou a casa de eventos, demonstrando fidelidade ao ex-presidente em meio às tempestades políticas. Contudo, ruídos de comunicação sobre a formação da chapa foram evidentes. Apesar do anúncio de que a chapa seria formada por Marcelo Queiroga e Sérgio Queiroz, pré-candidatos a prefeito e a vice-prefeito, respectivamente, o partido Novo adiou essa confirmação, gerando visíveis frustrações e confusões que poderiam ter sido evitadas com um discurso mais alinhado e coeso de ambos os partidos.

No sábado (13), Bolsonaro terminou sua agenda em um clima mais ameno, com visita a Cabedelo e reunião com empresários, onde novamente não faltou apoio do público. Apesar do evidente apoio popular a Bolsonaro, fica a impressão de que as principais lideranças da direita ainda não sabem como aproveitar isso de forma mais eficaz.  Com frequência, trocam o conteúdo pela forma, os fins pelos meios,  e prejudicam o todo.

É bem verdade que houve avanços, com sinalizações recentes de coesão, mas os ruídos na agenda de Bolsonaro demonstram que há um longo caminho a ser percorrido. A direita ainda precisa aprender a fazer política pensando a longo prazo, e não somente na eleição vigente.

Embora não haja dúvidas sobre o potencial eleitoral desse espectro, suas lideranças precisam amadurecer, adotando não apenas a preservação de valores que dizem representar, mas adotando um pouco de astúcia política, colocando o “projeto” acima das diferenças pessoais, chegando assim ao poder, com foco no interesse público.

Como assinala João Pereira Coutinho, em “As ideias conservadoras explicadas a reacionários e revolucionários“, “A atividade política não pode ser o pretexto ideal para cumprir um projeto particular, qualquer que sele seja e por mais nobre – em teoria – que seja. Os projetos particulares pertencem, precisamente, aos particulares”. Para um conservador, o imperativo da continuidade é mais importante do que a promessa de que algo irá triunfar.

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