Inteligência Artificial não é para todo mundo — e tudo bem
A inteligência artificial (IA) está em evidência como uma das maiores forças transformadoras da atualidade. Automatização de tarefas, análise preditiva (previsão de futuro), personalização de atendimento, produção de conteúdo em escala: quem souber integrar essas ferramentas terá, sem dúvida, vantagens competitivas importantes — especialmente em setores que exigem eficiência, velocidade e inovação constante, notadamente para quem tem escala de produtos e vendas.
Mas aqui vai um ponto fundamental: a IA não é uma necessidade imediata para todas as empresas, nem sua ausência é sinônimo de atraso ou falência.
Tecnologia é meio, não fim.
Muitas empresas ainda nem sequer têm um site institucional, algo que para alguns pode parecer básico, mas que, na prática, não é impeditivo para que esses negócios sigam prosperando. Existem padarias, mercadinhos, consultórios, pequenas confecções e indústrias familiares que sobrevivem — e bem — apenas com o boca a boca, presença física local ou através do WhatsApp.
Além disso, é muito comum encontrarmos empresas que não utilizam sequer um e-mail corporativo profissional com domínio próprio. Muitos negócios preferem manter suas relações comerciais através de contas gratuitas como Gmail ou Yahoo, e isso não tem impedido essas empresas de fecharem contratos, prestarem serviços ou manterem sua clientela fiel.
O mesmo raciocínio se aplica à inteligência artificial: não é porque uma empresa não está utilizando IA que ela está fadada ao fracasso.
Mas quem adere, colhe benefícios importantes!
Isso não significa que desprezar a IA seja a melhor escolha. Pelo contrário: quem decide abraçar essa tecnologia com planejamento pode acelerar processos, reduzir custos, gerar novos produtos e ampliar sua capacidade de atendimento e inovação.
Por exemplo, um pequeno escritório de contabilidade pode usar IA para automatizar tarefas repetitivas, como conferência de notas fiscais ou elaboração de relatórios. Uma loja virtual pode empregar ‘chatbots’ inteligentes para melhorar o atendimento ao cliente. Uma empresa de engenharia pode se beneficiar de análises preditivas para gerenciar riscos.
Em todos esses casos, o uso da IA não substitui a essência do negócio, mas potencializa sua eficiência.
Cada empresa tem seu tempo
A adesão à inteligência artificial deve ser uma decisão estratégica e contextual:
- Faz sentido para a minha operação?
- Vai melhorar o que realmente importa para meu cliente?
- Tenho estrutura para implantar e sustentar essa tecnologia?
Muitos negócios podem (e devem) seguir crescendo sem se preocupar com algoritmos, ‘machine learning’ (aprendizado da máquina – adoro esse argumento) ou automações complexas. O essencial é que entendam as oportunidades e decidam com clareza e propósito, evitando o modismo ou a pressão irracional do “todo mundo está fazendo”.
Não é preciso temer a IA, nem ignorá-la. O mais inteligente é reconhecê-la como uma ferramenta poderosa, mas que não é obrigatória nem imprescindível para todos.
O que vai definir o sucesso da empresa não é apenas a tecnologia que ela adota, mas como ela serve ao propósito, ao cliente e ao mercado que escolheu atender.
Se tiver clareza nisso, com ou sem IA, o futuro estará bem encaminhado.
* Jeoás Farias é consultor digital e jornalista