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quando o hobby vira alerta para questões de saúde mental

Esra Bilgin – Anadolu Agency via Getty Images

O uso de bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — pode ir além de um simples hobby e se tornar um sinal de sofrimento emocional ou transtornos psiquiátricos. Em alguns casos, o apego excessivo a esses objetos pode estar ligado com frustrações, perdas e até quadros psicóticos, o psiquiatra Alfredo Minervino.

Em entrevista ao Jornal da Paraíba, o psiquiatra Alfredo Minervino, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, explicou que, quando uma pessoa passa a substituir um bebê real por um boneco, isso pode indicar tentativas de compensar experiências difíceis.

“Isso diz respeito a frustrações minhas ao longo da vida, onde eu não tenho como repor ou suprir uma necessidade minha. Como, por exemplo, não conseguir ter um filho, e aí a pessoa substitui com uma coisa que pareça”, explica.

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Entre os motivos que podem levar ao comportamento, ele cita transtornos de personalidade, depressão, quadros demenciais e até traumas provocados por separações. Nesses casos, o bebê reborn funcionaria como uma forma de compensação afetiva.

Outro ponto observado por Minervino é a tentativa de se inserir em ambientes sociais a partir da criação de uma “relação familiar” com o boneco. Segundo ele, há uma necessidade de mostrar que aquela “pessoa” também pertence ao grupo.

“A necessidade de se tornar um igual, do ponto de vista familiar, de mostrar que ela também tem uma relação familiar e pode frequentar ambientes familiares, explicou”

Nem todo apego ao bebê reborn é sinal de transtorno

O psiquiatra reforça que nem todo apego ao bebê reborn é sinal de transtorno. Mas quando há uma quebra de percepção da realidade, é necessário investigar.

“Se for um quadro psicótico, passa a ser um problema. E isso faz com que esses pacientes tenham que procurar uma ajuda psiquiátrica para saber até que ponto isso pode ser um ganho”, alertou.

Para ele, o ponto de atenção é quando o desejo de parecer igual aos outros se torna central na vida da pessoa. O alerta é para que familiares e profissionais de saúde fiquem atentos aos sinais e busquem orientação médica sempre que o comportamento parecer ir além da brincadeira.