Representantes do Ministério Público Federal (MPF) realizaram, na última segunda-feira (19), uma vistoria técnica no estuário do rio Paraíba, em conjunto com moradores das comunidades de pescadores ribeirinhos, com o objetivo de avaliar os impactos causados pela construção da Ponte do Futuro sobre territórios pesqueiros tradicionais.
Durante a expedição, que também teve a participação de representantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), os participantes navegaram pelo rio registrando imagens aéreas da área afetada com o uso de drones. Ao longo do percurso, os pescadores relataram preocupações quanto à restrição de acesso à região central dos maretórios, territórios onde mar e mangue se encontram e que são fundamentais para a atividade pesqueira local, por serem moldados pelo ciclo das marés.
O MPF acompanha os efeitos da obra desde o início de 2025. Em fevereiro deste ano, o órgão já havia promovido uma reunião com pescadores e representantes de órgãos estaduais e ambientais, com o objetivo de discutir os prejuízos enfrentados pelas comunidades e buscar medidas para assegurar os seus direitos.
Entre as principais preocupações está a provável inviabilidade da pesca com redes de lance na área onde a ponte está sendo erguida. O encontro também discutiu medidas de compensação para os pescadores afetados, tanto financeiras quanto sociais, diante das perdas que ameaçam comprometer a sobrevivência econômica dessas comunidades.
Na reunião, os pescadores manifestaram grande preocupação com os impactos da construção da ponte sobre seus meios de subsistência.
Entre os principais pontos levantados estavam a interferência nos padrões de migração dos peixes, a destruição de habitats no estuário do rio Paraíba, incluindo a perda de manguezais e o impacto nos recursos pesqueiros devido à movimentação de sedimentos e poluentes, além da restrição ao acesso às áreas de pesca devido às medidas de segurança impostas durante as obras.
Os pescadores apontaram como exemplo de impacto o desaparecimento de espécies de peixes após a dragagem do Porto de Cabedelo, em 2022.
Ponte do Futuro
De acordo com dados oficiais, o projeto Ponte do Futuro prevê a construção de duas pontes. A primeira, com 2,1 km de extensão sobre o rio Paraíba, conectará a BR-230 à BR-101 Norte e contará com uma pista de 7,2 m de largura, passeio de 3,3 m, ciclovia de 2,5 m e acostamento de 2,5 m.
Além disso, a obra incluirá um viaduto de 40 m sobre a linha férrea e um mirante. Já a segunda ponte, com 420 m de extensão, será erguida sobre o rio da Guia, no município de Lucena. A previsão é que a obra seja concluída até o final de 2026.