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Opinião: o preço da burocracia

Presidente Lula fala em reunião ministerial. Ricardo Stuckert / PR

Embora a queda na popularidade do presidente Lula, evidenciada pela última pesquisa do Datafolha, tenha confirmado o que já era visível a olho nu — a crescente insatisfação com os rumos do governo —, ainda há quem insista em atribuir o problema a uma falha de “comunicação”. Porém, essa explicação está longe de ser a verdadeira causa.

A popularidade do presidente caiu até na região Nordeste, tradicional cinturão petista, porque as medidas implementadas e “comunicadas” à população, nos últimos dois anos, seguiram uma receita malsucedida: mais impostos, mais burocracia estatal e um populismo fiscal excessivo. Tudo isso, aliado a uma retórica política radical.

Essas medidas assustam a nova classe trabalhadora brasileira, que busca autonomia para decidir seus próprios destinos e não quer mais ser tutelada por um partido político ou uma ideologia ultrapassada, fundamentada no estatismo burocrático e limitante. Um perfil bem diferente daquele do primeiro governo petista.

A sanha arrecadatória do governo Lula III começou cedo. Basta lembrar que um dos primeiros atos da gestão, no início de 2023, foi retomar os impostos sobre combustíveis, PIS, Cofins e CIDE, alegando que a desoneração anterior prejudicava a arrecadação federal.

A partir daí, o que se viu foi uma sequência de decisões arrecadatórias em favor de uma máquina estatal ineficiente.

Aumento do imposto de importação de painéis solares e veículos elétricos, retirada do ICMS da base de crédito do PIS/Cofins, reoneração da folha de pagamentos e o retorno do DPVAT (agora chamado de SPVAT) são apenas algumas das medidas que, direta ou indiretamente, impactaram a vida do cidadão.

“Veja como isso é bom!”. Para quem? Se alguma dessas medidas era de fato necessária, além de muito bem fundamentada, deveria ter sido acompanhada de um exemplar corte de gastos públicos, começando pela Esplanada dos Ministérios. Mas não foi isso que se viu.

A “taxa das blusinhas” foi outro exemplo. O objetivo era “salvar” a indústria nacional, mas, além de inviabilizar as pequenas compras internacionais pela população pobre, não atingiu o objetivo interno. O que vimos foram perdas bilionárias para os Correios, que agora enfrentam uma crise quase sem precedentes.

É claro que o debate em torno da portaria sobre o monitoramento das transações via PIX também teve sua parcela de “culpa” na queda da popularidade do presidente. Porém, dentro de um conjunto de políticas que caracterizam a gestão, com a assinatura e o DNA de Lula, que ainda governa com a cabeça presa ao passado. Perdeu a confiança.

Com a marca de “taxador” e “ineficiente”, o governo também começa sua segunda etapa com a inflação acima da meta, em parte fruto de uma visão ultrapassada que aposta em gastos desenfreados para impulsionar a economia. Mesmo o trabalhador empregado vê o seu poder de compra diminuir.

E não podemos deixar de mencionar os rumos da (in)segurança pública no país, que merecem uma reflexão à parte. Há poucos dias, um ciclista foi morto ao ter seu celular roubado, em São Paulo. Essa é a tradução macabra do que ocorre em todo o Brasil: o domínio de um estado paralelo.

É claro que o crime mencionado não pode ser diretamente atribuído ao governo, mas ele ilustra de forma contundente qual é a pauta que o trabalhador quer ver solucionada. Afinal, existe algum “estado de coisas inconstitucional” mais evidente e urgente do que esse?

Sem falar nas contradições do presidente em temas como transparência pública, proteção do meio ambiente e políticas públicas para a saúde, que contrariam o seu discurso de campanha. Mas isso é tema para outro debate.

Definitivamente, a culpa pela queda na popularidade não está apenas na “comunicação”. Está na imagem burocrática que o governo projeta para o país. Espera-se que o resultado da pesquisa ao menos ajude a gestão a ouvir os anseios dos trabalhadores e coloque o país de volta nos trilhos do futuro. Todos torcemos por isso.