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Opinião: “loucura” entra em campo!

O dicionário diz que doido é alguém que age de forma insana ou insensata. Ou que não segue a razão.

Uma sandice que esclarece pouco, na minha opinião.

Doido de Mandacaru foi o cara da 1ª rodada do Paraibano 2025. (Foto: Rafael Costa)

Prefiro o olhar de Ariano Suassuna, um apaixonado confesso pela doidice, que sempre tinha uma ótima história pra contar sobre a explosão do pensamento cartesiano nos sanatórios da vida. Um fenômeno que a gente popularizou como “pensar fora da caixa”.

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A arte, aliás, ama a loucura.

Na música popular brasileira, o genial Arnaldo Baptista, dos Mutantes, inverteu essa lógica quando compôs ‘A Balada do Louco’, cujo sentido revela alguém a vontade em ser diferente, na busca pela felicidade individual, independente dos padrões sociais.

“Dizem que sou louco por pensar assim

Se eu sou muito louco por eu ser feliz

Mas louco é quem me diz

E não é feliz, não é feliz”, diz um trecho da canção, que foi imortalizada na voz de Ney Mato Grosso.

O futebol, que tem lá seus dias de arte, também gosta de colocar um pouco de loucura em campo.

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Aqui, o doido escalado veste vermelho e branco e é de Mandacaru.

Assume nome e sobrenome sem dar chilique algum, está em sintonia com a retórica poética quando decidiu embarcar na louca jornada que trilhou para acontecer como jogador profissional – driblando as incertezas e escanteando as ausências de pai, casa e condições financeiras.

“Quando mataram meu pai, minha mãe não teve condições de me criar. Passei anos pulando de orfanato em orfanato e prometi a meus irmãos que iria ser jogador de futebol. E hoje estar aqui, marcar esse gol, é a concretização de uma promessa. Desde sempre queria ser jogador de futebol e escutei de muitos que não iria conseguir”, desabafou, aos pratos, ao repórter Mário Aguiar, após fazer, de falta, o gol de empate do Auto Esporte diante do Treze, no Amigão.

Doido de Mandacaru garantiu o empate do Auto Esporte-PB com o Treze. (Foto: João Neto)

Em verso e prosa e na arte de driblar, música e futebol têm estado pleno de sanidade, gritando aos quatro cantos do planeta que a verdadeira insanidade reside na infeliz aceitação à conformidade.

O personagem de Arnaldo Baptista aceita o rótulo de louco como um caminho para a paz, enquanto o jogador do Auto Esporte fez do ‘Doido” combustível para realizar o sonho de vida e garantir a própria existência nesse grande sanatório a céu aberto que é a vida.

*Crônica escrita por Max Oliveira.

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