Com legado da paridade de gênero, Harrison vence disputa e terá desafio na OAB
O advogado Harrison Targino foi reeleito ontem para a Presidência da OAB na Paraíba. Ele obteve 4704 (50,32%) votos, diante de 4255 (45,51%), do ex-presidente Paulo Maia; e de 390 (4,17%) votos obtidos pela advogada Patrícia Azevedo, que também estava na disputa. Na reta final a campanha ficou polarizada, e bastante acirrada, entre Targino e Maia.
Harrison, contudo, conseguiu vencer na maior parte das unidades da entidade – inclusive em Campina Grande e João Pessoa. E, no fim da apuração, teve 449 votos a mais que o seu principal adversário.
Os dois, contudo, estavam no mesmo grupo até bem pouco tempo. Maia antecedeu Targino no comando da instituição e o apoiou no embate há três anos. No decorrer do mandato, porém, alegando falta de continuidade dos projetos, rompeu politicamente.
Várias podem ser as explicações dadas para o desfecho do pleito, a depender do ângulo observado.
Mas um dos fatores que certamente contribuiu para a vitória de Targino foi um de seus legados no atual mandato: a aprovação da paridade de gênero nas disputas pelo Quinto Constitucional, possibilitando o direito às mulheres de terem pelo menos três vagas asseguradas na lista sêxtupla.
A iniciativa engajou advogadas e, também, advogados simpatizantes da ideia e tornou a OAB paraibana mais plural e democrática. Não por acaso, na eleição interna, a Ordem escolheu uma mulher como a mais votada – a hoje desembargadora Anna Carla Lopes.
O recado das urnas à medida adotada pela gestão foi dado.
Atento a esse movimento, o presidente também trouxe para a chapa a advogada Janny Milanês. Muito atuante na Comissão de Prerrogativas, Janny é um nome em ascensão na OAB e é cotada, há tempos, como uma potencial candidata a liderar a advocacia paraibana.
Mas como em toda eleição apertada, o processo interno na OAB deixará cicatrizes que precisarão ser ‘curadas’ pela futura gestão.
No ‘Harrison II’, um dos desafios será reunificar a categoria em torno de temas comuns aos apoiadores de todas as chapas. Mais respeito nas delegacias e tribunais, agilidade nos processos e ações que facilitem a entrada dos jovens no mercado de trabalho precisam estar na pauta da futura gestão – que terá um Harrison mais experiente e, nesse momento, com o legado da paridade de gênero a mostrar.