Daqui a 15 dias, em 19 de junho, Chico Buarque vai fazer 80 anos. Ele é o caçula dessa geração de grandes compositores populares brasileiros revelados na segunda metade da década de 1960, na era dos festivais.
De lá para cá, Chico Buarque e o Brasil são inseparáveis. De extraordinária beleza, o seu cancioneiro fala do nosso destino enquanto Nação. Viaja pelo nosso tempo e irá muito além dele, quando não estivermos mais aqui.
Qual a sua primeira vez com Chico Buarque? Quando a música de Chico Buarque entrou em sua vida? Os leitores e leitoras da coluna estão lembrados? O colunista está.
A TV Record realizou o II Festival de Música Popular Brasileira em 1966. A final foi no dia 10 de outubro. Chico Buarque, que, na época, usava o de Hollanda no nome, venceu com A Banda, interpretada por Nara Leão.
Chico considerou o resultado injusto com Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, e disse que não receberia o prêmio sozinho. A solução foi premiar as duas músicas, empatadas como vencedoras do festival.
Pois foi com A Banda que Chico Buarque entrou em minha vida. Em 1966, eu era um garoto de apenas sete anos, mas já começava a ser irreversivelmente atraído pela música popular do Brasil e do mundo.
A Banda se transformou numa febre nacional. A marchinha de Chico contagiou gente de todas as idades. Encantou o Brasil. Foi sucesso no carnaval de 1967 e botou o compositor para sempre na vida dos brasileiros.
Havia a gravação ao vivo no disco do festival, tecnicamente muito precária. Havia o registro de Nara Leão, que a Philips logo lançou num compacto simples, e também a gravação de Chico, abrindo seu primeiro álbum.
Em 1966, Chico Buarque tinha 22 anos, e viver de música popular ainda não era uma meta em sua vida. Ele foi arrastado ao estrelato pelo sucesso de A Banda. Um ano mais tarde, seria Roda Viva, e anonimato nunca mais.
Curioso é que Chico conseguiu tirar A Banda de sua vida. Ela foi consumida à exaustão em seu tempo e depois saiu do repertório do compositor. Não permaneceu no setlist dos seus shows e ficou em nossa memória afetiva apenas como evocação ingênua e nostálgica de um momento.
Mas foi com A Banda que Chico Buarque entrou em minha vida. E a primeira vez com Chico a gente nunca esquece.