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Ele era um monstro fazendo cinema. Faz 100 anos que ele nasceu

Marlon Brando era um monstro fazendo cinema. E era irresistivelmente belo. Quarta-feira, 03 de abril de 2024, fez 100 anos que ele nasceu. Brando morreu em julho de 2004, três meses depois de, com a saúde muito comprometida, completar 80 anos.

Dá para contar nos dedos das duas mãos. O mundo conheceu poucos atores de cinema tão extraordinários quanto Marlon Brando. Ele ainda não tinha 30 anos quando se projetou, no início da década de 1950, e ainda não completara 60 quando fez seu último grande filme, no final da década de 1970.

Em três décadas, Brando conheceu o topo do sucesso fazendo cinema em Hollywood e viu sua carreira desmoronar a partir dos anos 1980. Amando mulheres e homens, pai de incontáveis filhos, chegou a pesar 140 quilos, o que certamente tirou muitos papéis de suas mãos.

Marlon Brando fez teatro antes de fazer cinema. Era cria do lendário Actors Studio, de Lee Strasberg e Elia Kazan. Portanto, ator do “Método”. Sob Kazan, foi o Emiliano Zapata de Viva Zapata! e o Terry Malloy de Sindicato de Ladrões. Mas foi, sobretudo, o Stanley Kowalsky de Uma Rua Chamada Pecado.

Uma Rua Chamada Pecado é o título brasileiro de Um Bonde Chamado Desejo. Tennessee Williams filmado por Elia Kazan com Marlon Brando fazendo Stanley Kowalsky e Vivien Leigh fazendo Blanche DuBois – a gente só acredita porque existe. Mas, de tão grandioso, parece sonho esse teatro transformado em cinema.

Elia Kazan foi comunista. Quando deixou de ser, entregou companheiros ao macartismo. Marlon Brando reprovou a atitude do mestre, mas ainda aceitou filmar com ele Sindicato de Ladrões. Kazan começava o seu martírio, e Sindicato de Ladrões é uma obra-prima sobre delação, culpa e perdão.

Há muitas palavras no discurso de Marco Antônio em Júlio César. Quase não há palavras na reação de Dom Corleone diante do corpo do filho Sony em O Poderoso Chefão. Duas faces da mesma moeda – esse gigante que marcou o cinema do século XX com um domínio inacreditavelmente absoluto da arte de ser ator.

Johnny Strabler, o motoqueiro de O Selvagem. Calder, o xerife de Caçada Humana. Weldon Penderton, o oficial gay de O Pecado de Todos Nós. William Walker, o agente inglês de Queimada!. Paul, o americano de Último Tango em Paris. Jor-El, breve e inesquecível, o pai do Super Homem em Superman, O Filme.

É difícil escolher um Brando. Brando, há muitos. Há também aquele que, para além do ator, mexeu com o gênero western ao dirigir A Face Oculta. Há até o que, contracenando com Sophia Loren, foi dirigido por Charles Chaplin em A Condessa de Hong Kong. Não é grande, mas é um Chaplin.

Marlon Brando se aproximava dos 50 anos quando encarnou o Dom Vito Corleone de O Poderoso Chefão. Pode ficar como o maior Brando. O maior Brando num dos maiores filmes de todos os tempos. Sob Francis Ford Coppola, faria ainda o coronel Kurtz de Apocalypse Now. Kurtz, coadjuvante com jeito de protagonista.

Marlon Brando era da esquerda de Hollywood. Lutou pelos direitos civis, foi ativista pelos indígenas da América. Em 1973, na cerimônia do Oscar, mandou uma atriz caracterizada como indígena recusar o Oscar de Melhor Ator que recebera por seu desempenho em O Poderoso Chefão.

Em 1951, Marlon Brando tinha 27 anos quando fez Stanley Kowalski. Em 1979, tinha 55 anos quando fez o coronel Kurtz. De Um Bonde Chamado Desejo a Apocalypse Now. Entre os dois, entre a glória e a tragédia, legou ao mundo a certeza de que há cinema antes e depois dele.

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