Com a bênção de Bolsonaro, Queiroga está com ‘sangue nos olhos’ para disputa em João Pessoa
“Político tem que ter coragem”, foi o que disse o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), sobre a disposição de ser candidato a prefeito de João Pessoa, em meio as disputas dentro do próprio partido.
Disputas internas que o cardiologista trata como algo distante, que não tem nada a ver com ele. E tem motivos: disse que ouviu do próprio ex-presidente Bolsonaro, nas várias conversas, a confirmação de que é o nome do PL escolhido para buscar o cargo de prefeito na capital paraibana.
Ao Conversa Política, lembrou que a coragem para “briga eleitoral” tem o mesmo DNA de quando aceitou ser ministro da Saúde, no meio da pandemia, na maior crise sanitária do país, que deixou mais de 700 mil mortos.
Com benção de Bolsonaro, Queiroga está com ‘sangue nos olhos’ para disputa. Em poucos minutos de conversa, é possível perceber que, além da vontade, ele já tem estratégia de ‘ataque’ e defesa do legado bolsonarista e para onde quer ir.
O ex-ministro lembrou que João Pessoa é estratégica para o PL porque os eleitores da cidade deram uma diferença pequena entre Lula e o ex-presidente, mesmo no Nordeste. Em tese, é um campo fértil do bolsonarismo.
Polêmica com o triunvirato
Disse, ainda, que não vai alimentar a polêmica com os colegas de partido, Nilvan, Cabo Gilberto e Wallber Virgolino, contrários a sua indicação, “de cima para baixo”, para representar o bolsonarismo nas urnas.
Queiroga lembra que, como ex-ministro, está no primeiro escalão dos aliados de Bolsonaro. Ou seja, em um nível mais alto, onde estão Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Damares Alves, senadora.
Argumentos e projetos
O ex-ministro se empolga ao falar sobre sua gestão no ministério e disse que está disposto a “desmontar” as narrativas que apontam o governo Bolsonaro como culpado pelas mortes.
Usa, entre os argumentos, o avanço da vacinação, quando assumiu o comando da pasta e fragilidade do sistema de saúde do país, na época do início da pandemia.
João Pessoa
Afora as defesas da atuação, disse que tem muito a contribuir com o debate sobre a cidade de João Pessoa, entre os temas que está afiado estão os projetos de infraestrutura, mobilidade, revitalização do Centro Histórico e, claro, o sistema básico de saúde.
“A gente convive com desafios antigos, que não são resolvidos e com desafios futuros que necessitam de estratégias para resolver”, afirmou Queiroga sobre revitalização do Centro por meio da transferência de serviços e reocupação.
No tema da saúde, lembra das ações enquanto ministro para fortalecer o Sus, destaca a importância do agentes comunitários de saúde, afirmando que são os olhos da gestão na área.
“Os agentes comunitários são os olhos e ouvidos do Sus na casa do cidadão brasileiro. Então, eles vão acompanhar se as pessoas estão tomando o medicamento correto, por exemplo”, explicou.
E continua: “Qualquer perspectiva de melhoramento da saúde passa por melhorar a atenção básica. E como você melhora a atenção básica? Não é só construindo PSFs para Unidades Básicas (…) nós temos que investir nos recursos humanos, nas equipes de saúde da família (…) eu tenho que resolver 80% dos problemas das pessoas na atenção básica”, afirmou.
Quando o assunto é mobilidade faz percursos históricos, lembra o trabalho de ex-prefeitos de João Pessoa, que, no seu ponto de vista, deixaram um legado, e outros que, para ele, pensaram pequeno e não contribuíram com a estruturação da cidade para o futuro.
“Falta de projeto, as coisas são resolvidas na base do puxadinho”, criticou as ações de mobilidade.
Enfim, não espere um pré-candidato acuado por não ter sido testado nas urnas. Ao contrário, vem estimulado por ser a novidade na política de João Pessoa.