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Homem morto em briga de bar em João Pessoa era neto da líder sindical Margarida Maria Alves

Homem morto em briga de bar era neto da líder sindical Margarida Maria Alves – Foto: TV Cabo Branco.

O homem que morreu durante uma troca de tiros em frente a um bar no bairro do Geisel, em João Pessoa, identificado como Afonso Henrique, de 29 anos, era neto da líder sindical Margarida Maria Alves. As informações foram repassadas pelo pai da vítima, Arimateia Alves, para a TV Cabo Branco.

Afonso Alves foi enterrado nesta quarta-feira (15) no cemitério do bairro do Cristo, em João Pessoa. O pai dele disse em entrevista que sentia a morte do filho era a segunda trágica na vida dele, após a morte da mãe, Margarida Maria Alves.

“Essa é a segunda trágedia em minha vida, a primeira eu sou filho de Margarida Maria Alves, líder sindical de Alagoa Grande, vi minha mãe sendo assassinada, e hoje meu filho também assassinado”, disse.

O pai disse que após a morte de Afonso a família quer respostas do motivo da morte, o que levou à troca de tiros no bar.

“A gente quer resposta, quer Justiça, independente do que foi feito lá e o que aconteceu. A gente não sabe, mas a terceira pessoa, ou quarta, que atirou no meu filho a polícia tem que descobrir quem foi. Se ele atirou, mas nada justifica uma outra pessoa atirar para matar, porque não atirou um, dois, três tiros para conter a ação”, ressaltou.

O Jornal da Paraíba entrou em contato com a Polícia Civil, por meio da delegada-chefe do Núcleo de Homicídios da capital, Luisa Correia, que informou não poder dar detalhes das investigações, mas que os trâmites estão em curso para resolver o caso.

O homem morto deixa uma esposa e dois filhos menores de idade, de acordo com o pai. Ele disse também que Afonso trabalhava como garçom.

Para o Jornal da Paraíba, o Hospital de Trauma, para onde o outro homem, de 34 anos, baleado na troca de tiros, foi levado, confirmou que ele segue internado com estado de saúde estável.

Entenda o caso

A troca de tiros aconteceu na última segunda-feira (13), em bar no Geisel – Foto: TV Cabo Branco.

A troca de tiros aconteceu na última segunda-feira (13). Segundo a Polícia Civil, as vítimas se desentenderam e trocaram tiros entre si. O outro homem que foi baleado tem 34 anos.

Imagens gravadas por clientes do bar mostram a correria no momento dos disparos. Em nota divulgada nas redes sociais, a administração do estabelecimento se pronunciou informando que a situação aconteceu em local externo, na Avenida Juscelino Kubitschek, e não dentro do bar.

Ainda de acordo com a polícia, os dois homens foram socorridos pelo Samu e Corpo de Bombeiros e levados para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. Segundo a assessoria da unidade hospitalar, a vítima de 29 anos passou por procedimento cirúrgico mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Quem era Margarida Maria Alves

Sindicalista Margarida Maria Alves foi assassinada durante a ditadura militar – Foto: divulgação.

A líder sindical Margarida Maria Alves foi assassinada em 1983 por motivos políticos na Paraíba. Ela nasceu em 5 de agosto de 1933, em Alagoa Grande, no Brejo do estado.

Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande. Durante 12 anos na presidência da entidade, lutou para que os trabalhadores do campo tivessem seus direitos respeitados, como carteira de trabalho assinada, férias, 13º salário e jornada de trabalho de 8 horas diárias.

A líder sindical se transformou em símbolo de resistência e luta contra a violência no campo, pela reforma agrária e fim da exploração dos trabalhadores rurais.

Margarida Maria Alves foi morta na frente de sua casa em 12 de agosto de 1983 com um tiro de escopeta calibre 12 no rosto, disparado por um pistoleiro. Na hora do crime ela estava acompanhada do esposo e do seu filho pequeno.

As denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região, feitas por Margarida, resultaram no seu assassinato, encomendado por fazendeiros.

Quando Margarida foi assassinada, 72 ações trabalhistas estavam sendo movidas contra os fazendeiros locais. Após mais de 40 anos, nenhum acusado pela morte da sindicalista foi condenado.