Quatro músicas de artistas paraibanos estão na lista de O Globo. Vandré ficou de fora
Agora em 2025, O Globo está festejando o centenário de sua fundação. Como parte das muitas comemorações, o jornal da família Marinho pediu a 100 personalidades ligadas à música uma lista com aquelas que consideram as grandes canções brasileiras feitas desde 1925, ano de fundação de O Globo.
Como todas essas listas, as pessoas sempre criticam algumas escolhas, ao mesmo tempo em que lamentam algumas ausências. Mas a lista de O Globo é muito boa e oferece um expressivo retrato da beleza, da riqueza e da imensa diversidade da músca popular que os brasileiros produziram nos últimos 100 anos.
Nas 100 músicas, há quatro compostas por paraibanos. Geraldo Vandré ficou de fora, apesar de Disparada e de Caminhando. Na coluna desta quarta-feira (06), trago as quatro músicas dos paraibanos e reproduzo os textos que estão em O Globo.
85º
Lanterna dos Afogados
Herbert Vianna, 1989
Nona faixa do álbum Big Bang, lançado pelos Paralamas do Sucesso em 1989, Lanterna dos Afogados é inspirada em um capítulo do livro Jubiabá, de Jorge Amado, no qual os personagens da trama, que são marginalizados e excluídos da sociedade, se reúnem em um bar batizado com o mesmo nome da canção. Um dos maiores sucessos do trio formado por João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna — que teve a ideia da letra durante um passeio de moto —, Lanterna dos Afogados também já foi gravada por outros artistas de ritmos variados como Gal Costa, Roberto Carlos e Maria Gadú.
82º
Feira de Mangaio
Sivuca e Glorinha Gadelha, 1979
Lançada em 1979 na voz de Clara Nunes no álbum Esperança, Feira de Mangaio descreve um tipo de comércio popular comum no sertão nordestino. Apesar de ter se tornado tão representativa da região, a música guarda uma curiosidade: segundo a cantora paraíbana Glorinha Gadelha, que deu origem à canção junto com o marido, o músico e conterrâneo Sivuca, Feira de Mangaio foi escrita dentro de uma lanchonete fast-food em Nova York, onde o casal morava na época.
80º
Chiclete com Banana
Gordurinha, Almira Castilho e Jackson do Pandeiro, 1959
“Eu só ponho bebop no meu samba/Quando o Tio Sam tocar um tamborim”. Os versos iniciais de Chiclete com Banana já dão o tom de toda a ideia da música. Composta por Waldeck Macedo, o Gordurinha, junto com Almira Castilho, e lançada na voz de Jackson do Pandeiro em 1959, a obra é uma crítica bem-humorada à influência de artistas americanos no mercado brasileiro, que estava sendo dominado por ritmos estrangeiros como o rock e o (citado) bebop, um subgênero do jazz.
46º
Admirável Gado Novo
Zé Ramalho, 1979
A faixa do segundo álbum solo do paraibano, A peleja do diabo com o dono do céu (1979), chegou em um país que afrouxava a Censura e começava a se livrar das garras da ditadura, com uma das letras mais políticas de Zé. Tomando como influência a música de Geraldo Vandré e o livro Admirável mundo novo, o autor fez uma crítica à exploração das massas e à manipulação promovida pelo sistema para deixar a população alienada. “Ê, oô, vida de gado/povo marcado, ê /povo feliz”, cantava ele na música que voltou a fazer sucesso 25 anos após seu lançamento, ao ser incluída na trilha de Rei do gado, da TV Globo.