Disputa por vaga na Academia Paraibana de Letras não espera nem pela missa de sétimo dia

Foto/Reprodução.

“Quando eu morrer, você vai ocupar minha cadeira na Academia Paraibana de Letras”. Há pouco mais de 10 anos, ouvi Carlos Aranha pronunciar essa frase.

Ele se dirigia a Walter Galvão, que, à época, era diretor de jornalismo do Sistema Correio e editor do jornal impresso Correio da Paraíba.

Walter Galvão, muito objetivamente, respondeu que não fazia parte dos projetos dele entrar para a Academia Paraibana de Letras.

Carlos Aranha estava com sessenta e poucos anos. Walter Galvão era uma década mais jovem. Eram grandes companheiros de jornalismo e jornadas culturais.

Muita gente criticou Carlos Aranha quando ele foi para a Academia Paraibana de Letras. Não era compatível com sua trajetória, diziam seus críticos.

Comentei com uma pessoa muito importante e ouvi dela o seguinte: “É bom. Vai abrir as janelas e tirar um pouco do mofo da entidade”.

Na segunda-feira passada, 11 de novembro de 2024, Carlos Aranha morreu numa casa de idosos. Tinha 78 anos. Walter Galvão morreu em 2021 aos 64 anos.

Na manhã da terça-feira, 12 de novembro, fui ao velório na sede da APL. Tinha alguns acadêmicos e uns poucos amigos. Achei melancólico.

Não havia uma representação expressiva do jornalismo nem da cena cultural. Carlos Aranha, afinal, dedicou a vida ao jornalismo e à cena cultural paraibana.

Na quarta-feira, 13 de novembro, dia seguinte ao sepultamento, vejo nas redes sociais um nome do jornalismo local despontando como possível substituto de Carlos Aranha na cadeira que ele ocupava na Academia Paraibana de Letras.

Desrespeitosa, essa pressa aponta para o fato de que a disputa por uma vaga na Academia Paraibana de Letras não espera nem pela missa de sétimo dia. Há quem diga que começa no velório do acadêmico morto.