O público do Rock in Rio não deu a mínima para o “peixe-rei” do blues
A atual edição do Rock in Rio comemora os 40 anos do festival, mas, na verdade, o quadragésimo aniversário será em janeiro de 2025.
A primeira edição do Rock in Rio foi realizada em janeiro de 1985 e trouxe ao Rio de Janeiro bandas como o Queen, o AC/DC, o Iron Maiden e o Yes.
Entre as atrações nacionais estavam grupos como Os Paralamas do Sucesso e o Barão Vermelho, estrelas de primeira grandeza do rock brasileiro dos anos 1980.
Em 1985, o Rock in Rio era um festival de rock que também tinha espaço para artistas que não eram do rock, como Ivan Lins e George Benson.
Hoje, o Rock in Rio não é mais um festival de rock. É um grande festival de música que abre algum espaço para artistas que fazem parte do mundo do rock.
E não adianta estrebuchar. O tempo passou, o mundo mudou, o negócio da música se transformou, e o Rock in Rio acompanhou. Você tem a opção de não ver.
Christone Kingfish Ingram – esse da foto que ilustra a coluna – se apresentou no sábado (14). Ele cantou e tocou no final da tarde/início da noite no palco Sunset.
Guitarrista, Christone Kingfish Ingram tem somente 25 anos. Ele nasceu em Clarksdale, no Mississippi, em janeiro de 1999. Kingfish, seu álbum de estreia, é de 2019.
Óbvio que a igreja foi a principal escola de Christone Kingfish Ingram. Foi frequentando o culto na infância que ele aprendeu como se canta e como se toca blues.
Kingfish já foi abençoado por Buddy Guy, já abriu para os Rolling Stones e tem sido considerado tanto a nova sensação quanto uma grande promessa do blues.
No Rock in Rio, ele mostrou porque é festejado. Durante uma hora, dividiu o palco com um trio. Coisa simples, mas muito eficaz: teclados, baixo e bateria.
Kingfish sabe fazer o blues. Ele é um autêntico homem do blues. Seu repertório passeia pelo gênero, e sua guitarra tem a sonoridade que as guitarras de blues devem ter.
Mas pouca gente parou para ver Kingfish no Rock in Rio. Perto do palco, havia algumas dezenas, no máximo algumas centenas de pessoas nada atentas ao show.
Os esforços do jovem bluesman não empolgaram a pequena plateia. Ele até desceu do palco e tocou guitarra com os dentes, como Jimi Hendrix fazia. Não adiantou.
Kingfish quer dizer “peixe-rei”. É o boss, o chefão, é o cara que manda. Acho que ele teria se dado melhor no tempo em que o Rock in Rio era um festival de rock.