Plástico pode aumentar em até 5 vezes o risco de infarto e AVC: entenda.
O plástico representa uma das maiores preocupações ambientais.
A principal preocupação ambiental relacionada ao produto é a sua decomposição lenta. Enquanto outros materiais se degradam mais rapidamente, os plásticos podem persistir no meio ambiente por centenas ou até milhares de anos, acumulando-se em aterros sanitários, oceanos, rios e solos. Essa acumulação progressiva de resíduos plásticos cria problemas generalizados de poluição e contaminação ambiental. Atualmente, a produção anual de plásticos é de 430 milhões de toneladas, sendo a maioria produtos de vida curta que são descartados rapidamente. Caso as tendências atuais se mantenham, a produção desses resíduos deve triplicar até 2060, segundo dados do relatório anual sobre poluição plástica da ONU.
Além disso, a fragmentação dos plásticos em microplásticos e nanopartículas de plástico representa uma ameaça adicional aos ecossistemas marinhos e terrestres.
Os microplásticos são partículas pequenas, menores do que 5 milímetros, de plásticos. Já os nanoplásticos são pedaços ainda menores, tão minúsculos que só podem ser vistos com microscópios. Essas partículas minúsculas são facilmente ingeridas por organismos aquáticos e terrestres, levando à contaminação dos alimentos, à bioacumulação de toxinas e à transferência de plásticos na cadeia alimentar.
Se até então nossa maior preocupação era a com saúde animal e os riscos para a cadeia alimentar, nos últimos anos, tem havido uma crescente preocupação com a presença de microplásticos e nanopartículas no meio ambiente e seu impacto na saúde humana.
Estudos recentes têm descoberto a presença desses micro e nanoplásticos no sangue humano, no leite materno, na urina e nos tecidos que revestem o pulmão e o fígado.
A doença aterosclerótica é caracterizada por formação de placas de gordura nas paredes dos vasos que podem levar a entupimentos, gerando quadros de AVC e infartos. Uma área particularmente alarmante é sua possível associação com doenças cardiovasculares, como aterosclerose e eventos cardiovasculares agudos. Vamos explorar essa preocupante conexão e as implicações para a saúde pública.
A presença de microplásticos e nanopartículas em ateromas Estudos recentes têm revelado a presença dessas partículas em ateromas, depósitos de gordura nas artérias associados à aterosclerose. Essa descoberta levanta questões sobre o potencial papel dessas partículas na progressão da doença cardiovascular.
Mecanismos potenciais de dano Os microplásticos e nanopartículas de plástico podem exercer efeitos nocivos no sistema cardiovascular de várias maneiras. Eles podem desencadear inflamação crônica, induzir estresse oxidativo e interagir com células endoteliais vasculares, contribuindo para a disfunção endotelial, um precursor chave da aterosclerose.
A pesquisa avaliou cerca de 257 pacientes submetidos a uma cirurgia para desobstruir as carótidas chamada endarterectomia. Os cientistas passaram a estudar as placas de gordura retiradas dos pacientes com auxilio de microscópios potentes. Eles acharam fragmentos de plásticos em 150 deles. Nesses pacientes com níveis detectáveis de plástico tinham um risco quase cinco vezes maior de sofrer um evento cardiovascular em comparação com os outros participantes.
Esse resultado foi obtido após ajustes para idade, sexo, índice de massa corporal e condições de saúde como diabetes e colesterol alto. Apesar de ser um estudo observacional e ainda não ser possível dizer se as substâncias foram responsáveis pelo maior risco, mas o fato de haver uma associação entre concentração mais alta de plástico e maior risco de ataques cardíacas, já acende o alerta para os cientistas.
Implicações para a saúde pública A ligação entre microplásticos/nanoplásticos e doenças cardiovasculares apresenta implicações significativas para a saúde pública. Com a prevalência crescente dessas partículas no ambiente, é muito importante entender melhor seus efeitos sobre a saúde e traçar estratégias para diminuir sua exposição.
A presença de microplásticos e nanopartículas de plástico em ateromas ressalta a complexa interação entre poluição ambiental e saúde humana. Diante dessas preocupações, é imperativo que a comunidade científica, autoridades de saúde e legisladores trabalhem em conjunto para abordar esse desafio emergente e proteger a saúde cardiovascular da população.