polícia confirma que menina entrou na casa de suspeito foragido antes de desaparecer
A menina Ana Sophia, de 8 anos, teria sido morta por Tiago Fontes Silva Rocha, principal suspeito do desaparecimento dela, em 4 de julho de 2023, dentro da casa dele, no distrito de Roma, em Bananeiras, no Brejo paraibano. Em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (22), a Polícia Civil informou que uma perícia constatou que Ana Sophia entrou na casa de Tiago, no dia do desaparecimento, e não foi mais vista após isso.
Na quinta-feira (21), a Justiça decretou a prisão temporária de Tiago, por homicídio qualificado. Ele está sumido desde o dia 11 de setembro, quando seria ouvido mais uma vez pela Polícia Civil. Até então, ele não era apontado como investigado do desaparecimento, mas a polícia havia feito buscas e apreensão na casa e no carro dele.
“A dinâmica de como aconteceu o fato nós estamos nos aprofundando mais e não tenho como divulgar, pois são dados restritos aos investigadores, mas pela dinâmica dos fatos, não temos dúvidas de que o crime recaiu sobre a menina naquele imóvel. Quanto ao corpo, só vai ser fechada essa situação com a prisão do Tiago”, disse o delegado Pablo Everton, do núcleo de homicídios da Polícia Civil em Solânea.
A defesa de Tiago Fontes informou que está estudando qual instrumento irá utilizar no enfrentametno da prisão e que não descarta a impetração de um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça, depois que fizer um pedido de reconsideração ao magistrado.
Identificação da casa
A Polícia Civil conseguiu chegar até a localização da casa de Tiago como o ponto de desaparecimento de Ana Sophia a partir do cruzamento de imagens de câmeras de segurança e de depoimentos de moradores da rua.
Conforme o delegado Aldrovilli Grisi, a polícia iniciou a investigação do desaparecimento refazendo os passos que a criança fez no dia 4 de julho de 2023. “Ela foi até a casa de uma amiga, às 12h34, e foi registrada saindo deste imóvel, por motivos alheios à vontade dela, e retornou para casa. Era comum da rotina dela fazer este trajeto, e às 12h36 é registrada a passagem dela em frente a um mercadinho, descendo a rua principal de Roma” explica.
Com esses dados, a polícia conseguiu traçar um ponto zero do desaparecimento, o trecho da rua. Ao ouvir moradores da região, os delegados conseguiram identificar que ela continuou a descer a rua, por cerca de 150 metros, exatamente no trecho onde fica a casa do investigado.
“Ela é vista por uma testemunha, uma amiga do colégio, no último ponto da rua, exatamente nos 15 metros que compõem a frente da residência do suspeito. Depois disso ela não é mais vista. Temos outras quatro testemunhas, que moram após a casa dele, que não a viram naquele dia”, diz Aldrovilli.
Vídeo periciado
Durante a investigação, a polícia conseguiu um terceiro vídeo relacionado ao desaparecimento de Ana Sophia. Neste vídeo, é possível ver um vulto de uma pessoa entrando em um imóvel. De início, os delegados explicam que não foi possível determinar em qual imóvel o vulto entrava, nem quem era a pessoa.
“Detectamos a necessidade de realizar um exame pericial e uma equipe de peritos auxiliada por um perito federal se deslocou até Roma e, com as técnicas adequadas, conseguiram determinar a altura e a velocidade média do vulto, além do imóvel em que esta pessoa entra”, contou Aldrovilli Grisi.
“Hoje nós conseguimos dizer que está cientificamente comprovado que se trata de Ana Sophia”, disse.
Conforme o delegado, os peritos conseguiram determinar que Ana Sophia tinha 1 metro e 28 centímetros de altura. Utilizando técnicas de perícia, os dados do vídeo mostraram que a pessoa que entra na casa tem entre 1 metro e 20 centímetros e 1 metro e 40 centímetros, com a média de 1 metro e 30 centímetros.
“Com base no último ponto onde Ana Sophia foi vista na segunda imagem que tínhamos dela, e na velocidade média da pessoa vista entrando na casa no terceiro vídeo, determinamos o minuto e o segundo exato em que ela deveria passar em frente a residência dele, e foi exatamente o minuto e o segundo em que o suposto vulto entrar no imóvel. Com base em evidências técnicas e científicas, e em conclusões lógicas e matemáticas, temos hoje a certeza de que a menina entrou na casa do suspeito e não saiu mais”, falou o delegado.
A casa de Tiago foi alvo de buscas e apreensões, feitas pela Polícia Civil em agosto de 2023. Conforme os delegados, não há indícios de que o corpo da menina estaria enterrado no local. “Não existe quintal ou terra nua na casa, é tudo coberto por piso, cimento ou concreto, e pela lógica dos fatos, a dinâmica de como tudo aconteceu, acreditamos que a criança foi retirada de lá após ser morta. Não podemos revelar mais que isso para não prejudicar a investigação”, completou Aldrovilli.
Cronologia do desaparecimento de Ana Sophia
Na terça-feira, 4 de julho, por volta das 12h, Ana Sophia pediu à mãe para ir brincar na casa de uma colega, como de costume. A menina de 8 anos era acostumada a andar pelas ruas do pequeno distrito. Ela se despediu por três vezes e saiu usando um vestido azul florido.
Ana Sophia foi até a casa da colega, mas não permaneceu por muito tempo, pois a menina estava de saída com a família para Solânea.
Uma câmera de segurança registrou Ana Sophia se despedindo da colega e retornando, como se estivesse voltando para casa, no entanto, ela nunca chegou na sua residência. Aquele foi o último registro da criança. A suspeita é de que ela tenha desaparecido nesse trajeto.
No mesmo dia, a família de Ana Sophia registrou na polícia o desaparecimento, e as buscas começaram no dia seguinte.
Na quarta-feira, 5 de julho, a Polícia Civil começou a procurar pela menina, com apoio da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Uma força-tarefa foi montada, e as buscas aconteceram na casa da menina, em imóveis vizinhos, em açudes e nas matas da região. Foram usados cães farejadores, drones, helicóptero, mergulhadores dos Bombeiros e até retroescavadeira para reduzir o volume de um açude.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na quinta-feira, dia 31 de agosto, em imóveis do distrito de Roma, em relação ao desaparecimento da menina Ana Sophia. De acordo com o superintendente da 4ª região da Polícia Civil, Luciano Soares, a ação constitui mais uma fase da força-tarefa investigativa montada para solucionar o desaparecimento.
Mais recentemente, Tiago Fontes, o homem que teve a casa vistoriada pela polícia, desapareceu pouco depois das buscas na própria residência.