O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) deu prazo de 60 dias para que os gestores paraibanos de enfrentamento da desertificação no estado. A decisão foi tomada após a divulgação de uma relatório final da Auditoria Operacional Regional Coordenada em Políticas Públicas de Combate à Desertificação do Semiárido.
O trabalho, relatado pelo conselheiro Fernando Catão, apontou que que somente 18% dos municípios paraibanos (23 no total) consultados mantêm algum tipo de iniciativa para recuperar áreas devastadas. A consulta abrange 128 cidades, inclusive cidades em que tem avançado a implementação de usinas fotovoltaicas e mineração.
Catão destacou também que a Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca não tem sido implementada.
Não houve a instalação de instâncias previstas no Programa de Ação Estadual (PAE-PB), e a auditoria constatou que áreas como Seridó oriental, e Cariri ocidental estão em estado avançado de desertificação, sem recomposição da vegetação há, pelo menos, cinco anos”, lamentou o conselheiro.
Dentre os achados da auditoria verificou-se:
- Não existir programas, projetos e/ou legislação na temática desertificação, na quase totalidade dos municípios do território do semiárido;
- Ser incipiente a articulação entre Estado, os municípios e ONGS que atuam no território do semiárido para ações de combate à desertificação;
- Haver deficiência de capacitações sistemáticas em larga escala voltadas a gestores públicos dos municípios e comunidades locais, quanto ao tema desertificação.
Há necessidade de atuação suplementar do Estado diante do enfraquecimento das políticas federais de agricultura familiar e segurança alimentar. E por existir grandes empreendimentos de energia renovável na Paraíba, é necessário, de acordo com levantamento da auditoria, aprimoramento das legislações a fim de evitar potenciais riscos ambientais e sociais.
Usinas fotovoltaicas e de mineração
O relatório alerta, ainda, para o aprimoramento da legislação e fiscalização ambiental, por parte dos órgãos do Governo do Estado, no que tange aos grandes empreendimentos de energia renovável, na tentativa de definir critérios de implantação e medidas de mitigação de impacto negativo, tanto ambiental quanto social, considerando a população rural, em especial a dedicada à agricultura familiar.
O trabalho também cita os municípios atingidos com áreas desmatadas na implantação de usinas fotovoltaica, a exemplo de Santa Luzia, Malta e Coremas. Já os municípios de Congo, Picuí, Brejo do Cruz e Boa Vista, sofrem com área degradada pela atividade de mineração.
Auditoria regionalizada
Os tribunais de contas da Paraíba (TCE-PB), do Ceará (TCE-CE), de Pernambuco (TCE-PE), do Rio Grande do Norte (TCE-RN) e de Sergipe (TCE-SE), em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), realizaram a Auditoria Operacional Regional Coordenada em Políticas Públicas de Combate à Desertificação do Semiárido.
A fiscalização avalia o crescente processo de degradação ambiental dessa região, em função do clima e das ações antrópicas – aquelas em que a interferência humana prejudica os solos, os recursos hídricos, o bioma caatinga e a qualidade de vida da população.
Coordenada pelo TCE-PB e realizada na esfera da Rede Integrar – iniciativa colaborativa formada por 33 tribunais de contas do Brasil –, a auditoria contou com suporte metodológico do TCU.
A ação se baseou na Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PNCD) – Lei nº 13.153/2015 – para examinar a implementação dessa política nos estados, assim como outras políticas públicas transversais referentes à região do semiárido e ao bioma caatinga.
A auditoria foi estruturada em cinco eixos para examinar a implementação dessa política, assim como outras políticas públicas transversais referentes à região do semiárido e ao bioma caatinga.
O documento da auditoria demanda atuação de gestores das esferas estadual e municipal a fim de promover o aprimoramento das políticas públicas referente à matéria, para atingimento de melhores resultados. A análise técnica abrangeu o período compreendido entre os exercícios de2015 a2022.