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Mais do que nunca, precisamos ouvir Villa-Lobos


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Cinco de março é o dia do nascimento de Heitor Villa-Lobos, o maior compositor brasileiro. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 1887 e morreu, também no Rio, em 1959. “A arte de Villa-Lobos significa a declaração de independência musical do Brasil” – resume Otto Maria Carpeaux no admirável livro Uma Nova História da Música, publicado um ano antes da morte do compositor.

Comecemos pelas Bachianas Brasileiras. É sua obra maior. São nove peças que promovem o encontro do Brasil profundo com a herança de Bach. O Trenzinho do Caipira é um dos movimentos da Bachiana No 2. Na Bachiana No 4, escrita para piano e depois expandida para orquestra, a cantiga aprofunda o tema folclórico “ó mana deixa eu ir”, enquanto o prelúdio fica, para muitos, como seu movimento mais marcante.

A primeira parte da Bachiana No 5 é uma das melodias mais amadas do Brasil. Até mesmo por quem não sabe de onde ela vem. Em Deus e o Diabo na Terra do Sol, Glauber Rocha só filmou a cena do beijo de Othon Bastos e Ioná Magalhães (uma das mais expressivas da nossa cinematografia) para inserir o tema que ouvimos com Bidu Sayão ou Maria Lúcia Godoy, Elizeth Cardoso ou Joan Baez.

“O coração é o metrônomo da vida!”. Para além das Bachianas, há muito o que ouvir em Villa-Lobos. Tenho especial afeição pela Floresta do Amazonas. É nela que está o canto Melodia Sentimental, que há muito migrou do terreno erudito para o popular.

São admiráveis A Prole do Bebê e o Rudepoema, escritos para piano. Há quem destaque a série de 14 Choros. Ou os Prelúdios, compostos para violão. Ou o Concerto Para Violão e Orquestra. Ou, ainda, O Descobrimento do Brasil.

Obra vasta, riquíssima, complexa, a desse imenso brasileiro. Sua música é um documento sonoro a traduzir e elevar o Brasil. É uma permanente declaração de amor ao lugar onde nascemos. Mais do que nunca, precisamos ouvir Heitor Villa-Lobos.

  • villa-lobos

Silvio Osias

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